O que é essa tal de complementaridade?

A complementaridade e não complementariedade, como muitos soletram, é uma palavra com diversas aplicações. No dicionário, encontramos sua definição como sendo a qualidade do que é complementar. A palavra tem tradução para várias línguas. Limitando-nos ao bom português e trilhando por caminhos multidisciplinares, deparamos com a complementaridade em diversos sentidos e como qualidade imprescindível para que as coisas aconteçam como se busca.
E daí o que esta palavra a princípio tão comum, inofensiva, relegada aos que tem vocabulário diferenciado, pode interferir, destruir ou construir nas relações pessoais existentes no mundo do trabalho? Pode e muito.
Convivemos diariamente com ela, sem dar-lhe a devida atenção. É o respeito à complementaridade que pode determinar o sucesso de um projeto ou seu fracasso.
Aproximando-se de  nossa rotina profissional, percebemos que todos os que nos cercam são diferentes, mas ao mesmo tempo, nos deparamos com pessoas muito parecidas, no pensar, no agir. Quantos a sua volta são comunicativos, rápidos, lentos, sensíveis, talentosos para determinadas tarefas e sem talento algum para outras? Já percebeu como estes adjetivos pode ser o nó dos temperos e destemperos que impulsionam o resultado dos trabalhos em equipe?
O difícil é  a uma admitir estas qualidades nos outros, pois quando somos o oposto delas, muitas vezes elas nos parecem defeitos. E para os opostos, podemos igualmente lhes parecer um estorvo.
E assim, o que seria os grandes projetos de engenharia, sem os detalhistas e metódicos? A área comercial estaria fadada a perder grandes contas sem os comunicativos e persuasivos, no entanto,  aqueles com estas qualidades com menor intensidade, devidamente gerenciados podem trazer os mesmos resultados.
Os grandes gestores devem ter em mente que tais classificações, podem ser a chave da maximização dos resultados em qualquer área produtiva, improdutiva, seja o foco serviços, indústria ou finanças.
O desafio se instala a partir do momento que o gestor não tem habilidade para perceber, diferenciar uma das outras e ou como melhor aproveitá-las. E, sem o correto gerenciamento das pessoas respeitando a sua individualidade, não há como exigir da equipe bons resultados e pior, pode-se correr o risco de perder grandes talentos, sob a acusação indevida de não saber trabalhar em equipe.
Os profissionais de Recursos Humanos devem ter como prioridade, a função de assessorar os seus gestores, na detecção das qualidades individuais e o que as motiva, obtendo assim a complementaridade perfeita; sem a qual nada acontece e  em nome da falta dela é desperdiçado grande parte do capital  investido.
Uma análise aprofundada sobre a forma como seus colaboradores são admitidos, quais os métodos gerenciais aplicados, e o porquê são demitidos,  poderá detectar qual o percentual do capital está indo para o ralo literalmente. O desperdício de talentos causa perda na organização como um todo.
Um inesquecível projeto foi aplicado na indústria automobilística há mais de uma década, para ilustrar que a preocupação não é recente. Seus gestores detectaram um volume enorme de recall, que causava perdas de materiais, declínio da imagem da marca, e outras, que em efeito cascata, tornou-se insustentável. Atentos, os gestores contrataram profissionais especializados para mapear “comportalmente” os funcionários da linha de produção, foi uma surpresa quando o projeto foi implantado. Mais de 60% dos funcionários, de determinada seção, não tinham o perfil detalhista. Fato que resultava o passar despercebido de mínimos defeitos nas peças, e ao cabo de meses, eram os responsáveis pelos sucessivos retornos dos automóveis.
Após aplicarem uma eficiente movimentação de pessoal, sem uma demissão sequer, conseguiu-se eliminar o problema e o custo do problema. Este é um exemplo que nos indica que  são as pessoas que produzem os resultados, e em equipe. A complementaridade pode ser a chave do seu sucesso.
Neusa Miguel e presidente da Dom Brasil.

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