Autora: Cláudia Santos
Durante muito tempo, acreditou-se que o papel do profissional de recursos humanos estava ligado apenas a assuntos burocráticos, como administração de pessoal, recrutamento e seleção. Era o chamado RH operacional, visto por muitas empresas como uma área de apoio ou um gerador de despesas. Esse antigo departamento pessoal tem sofrido diversas mudanças ao longo do tempo e, com o avanço da tecnologia, o velho papel operacional está cada vez mais sujeito à automatização.
O atual cenário exige um novo posicionamento das organizações, que precisam atuar de uma forma mais ágil, inovadora e competitiva. Com as transformações das últimas décadas, o RH estratégico tem ganhado força como uma área fundamental para o crescimento das empresas. Esse novo profissional fala a língua dos negócios, conhece os objetivos e metas da empresa, participa das reuniões executivas e toma decisões em parceria com as outras áreas da companhia, como marketing, vendas, finanças e operações. Com foco em resultados, ele alia a estratégia organizacional à gestão de pessoas para, assim, promover a eficiência operacional.
Segundo David Ulrich, referência mundial em liderança e gestão de pessoas, o profissional de RH deve ser estrategista por excelência, capaz de engajar os funcionários, promover os valores da empresa, diagnosticar oportunidades e traçar metas e objetivos. Ele sabe recrutar as pessoas certas para os lugares certos e, se não for a campo entender os problemas, seja dos negócios ou das pessoas, não conseguirá gerar valor para a companhia.
O problema é que existe um gap entre o que as organizações precisam versus o que os RHs oferecem, já que eles ainda não se interessam pelos negócios e atuam de forma operacional, olhando apenas para o cenário interno. Por isso, muitas companhias têm contratado gestores com diferentes formações, principalmente devido à insuficiência de profissionais qualificados para trabalhar em conjunto com as áreas financeiras e comerciais.
Para transformar essa cultura, ainda predominante, o primeiro passo a ser tomado pelo profissional da área investir em uma formação ampla em escolas de negócio que contemple a gestão estratégica de pessoas. Entender sobre finanças, administração e análise de dados pode trazer novas oportunidades de crescimento na carreira, sobretudo em um momento de transformação digital que vem impactando o mercado.
Ao mesmo tempo, é preciso mudar a cultura organizacional, e a própria organização precisa dar espaço para que ele possa se envolver nas decisões e no planejamento. Hoje, uma empresa competitiva reconhece a importância do setor de recursos humanos e o CEO trabalha em conjunto com a área, aumentando o engajamento e a produtividade das equipes e, consequentemente, os resultados financeiros. É preciso superar a ideia de que o RH é um setor de apoio e passar a inclui-lo, de fato, nas decisões e nas estratégias de negócio.
Claudia Santos é especialista em gestão estratégica de pessoas, coach executiva e diretora da Emovere You.