Autor: Jacob Rosenbloom
Muitos recrutadores e gestores de Recursos Humanos têm se debruçado sobre a questão acima. E, muitas vezes, sem ter uma resposta realmente clara, costumam criar teorias e formatar programas para sensibilizar e reter o profissional. São milhares de exemplos: bibliotecas em empresas de telemarketing, área de recreação, permissão para fazer home office, benefícios além do VR e do VT, plano de cargos e salários, matriz de desenvolvimento de carreiras, cursos de línguas e até extensão de muitos benefícios para os familiares. E os exemplos não param na linha acima.
Na realidade, a grande preocupação do RH e de toda a empresa, principalmente da diretoria, é como diminuir os gastos com a contratação, seleção e treinamento de um novo profissional para ocupar a vaga daquele outro, muito recomendado e com um currículo perfeito, que passou em todas as provas e entrevistas, aceitou os termos, começou a trabalhar, foi treinado e deixou a empresa em menos de três meses. E de uma hora para outra, sem demonstrar nenhum descontentamento com normas ou clima organizacional. Uma realidade cada vez mais presente, principalmente, quando muitos desses profissionais, integrantes da chamada Geração Y, são inquietos e querem desenvolvimento profissional imediato.
Em um levantamento realizado pela Emprego Ligado, descobriu-se que 43,3% das pessoas saem das empresas por não visualizarem um plano de carreira. Já 36,7% deixam o cargo em função da distância percorrida de casa até o trabalho. Ou seja, o segundo motivo de desligamento de um profissional é a questão da mobilidade.
As pessoas querem mais tempo livre para dedicar a sua família, ao lazer e até mesmo aos estudos. Mas, com o trânsito limitador de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, encurtar distâncias tem sido cada vez mais difícil. Outra conta feita pela Emprego Ligado é ainda mais impactante para a empresa. A rotatividade custa para empresa, em média, sete (7) salários mínimos. E para entender o cálculo, basta pensar em o quanto se gasta com: custo de demissão, tempo do RH em trabalhos administrativos, custo de serviço de recrutamento, tempo (de novo) de RH com seleção, treinamento, procedimentos de admissão e outros. A lista de coisas a fazer é extensa. Veja outro número: 20% do tempo do profissional de RH é ocupado com a seleção e recrutamento de novos profissionais.
Não existe uma fórmula mágica para reter e estimular os profissionais, mas as empresas precisam entender que não há um fator objetivo que determine a permanência de um profissional na companhia. O novo talento pode ficar impressionado com os benefícios e com o fato do escritório ter salão de descanso ou de jogos, mas se gastar mais de duas horas de deslocamento para chegar até em casa, numa sexta-feira, com certeza começará a ficar desmotivado. E quando encontrar uma opção perto de casa, talvez não faça muita questão da tevê com Playstation para jogar nas horas de descanso, que foi tão impressionante durante a entrevista.
Jacob Rosenbloom é CEO da Emprego Ligado.