14/12/00 – 16:57 – Alexandre Jau senta-se à mesa de vidro, em sua sala, e lembra quantos tempo passou desde que deixou um cargo estável no Unibanco para criar seu próprio negócio: a TMKT, uma central de atendimento com apenas uma função, a de vender assinaturas de revistas da Editora Globo. No início, eram oito posições de atendimento e 12 corajosos funcionários que trabalhavam com 15 linhas analógicas, aparelhos telefônicos de teclas e head set nacional. Hoje a TMKT MRM Serviços de Telemarketing possui mil posições de atendimento, 1.230 funcionários, três escritórios e mais três letras no nome, que vieram do novo sócio, o grupo McCann Erikson, que se tornou acionista majoritário da empresa em maio deste ano. Mas Jau continua a comandar sua cria, como presidente.
Para o ano que vem, informa Jau, estão previstos investimentos na ordem de R$ 1,8 milhão, pouco superior aos R$ 1,6 milhão de 2000. No entanto, ressalta Jau, a TMKT não está correndo atrás de melhores posições no ranking, aumento de PAs etc, mas sim trilhando caminhos que levem a um crescimento gradativo e seguro. No ano que vem, queremos consolidar o que conquistamos até aqui. Não acredito em soluções mágicas que façam uma empresa crescer da noite para o dia. É muito difícil administrar, e manter, crescimentos maiores que 30% ao ano. Mais importante que uma expansão astronômica nos negócios é conseguir, ao final do exercício, resultado financeiro sólido para nós e um trabalho que deixe o cliente feliz, que o torne fiel, observa Jau.
Os tempos de crescer mais que o dobro – de um ano para o outro – já ficaram para trás. Em 1991, a empresa recebeu doses generosas de fermento e expandiu mais de 200%. No ano seguinte, quase o triplo. Depois só iria crescer nessas proporções em 1996. Desde então a expansão tem sido mais contida, do jeito que Alexandre Jau gosta.
Além da política discreta de administração, Jau enfatiza que o faturamento da companhia é sempre reinvestido. Não recorremos a bancos ou a outros tipos de financiamento, usamos sempre nosso caixa, garante. Tanto ele quanto os outros três sócios pessoas físicas – Carlos César Camargo, Marco Antonio de Souza e Agnaldo Niccioli – recebem salário mensalmente. Só vemos a cor do lucro quando as condições do momento possibilitam.
Os dois escritórios (sites) da TMKT em São Paulo estão localizados nos bairros de Pinheiros e da Casa Verde, operando com 450 posições de atendimento cada um. Na capital mineira, o site comporta uma centena de PAs. O esquema hierárquico no callcenter é de um supervisor para cada grupo de 15 a 20 operadores e um coordenador para uma equipe de quatro supervisores. Acima deles uma gerência de operação.
A arquitetura de informática empregada nos sites é a seguinte: rede (Windows NT com estações Windows), banco de dados (SQL Server e Sybase), microcomputadores e servidores das marcas IBM e HP, softwares (Sistel e Easy Phone), gravadores profissionais e head set.
No que se refere às telecomunicações no País, Alexandre Jau – que também é presidente da Abemd (Associação Brasileira de Marketing Direto) – tem uma visão pouco otimista. É muito difícil o relacionamento com as operadoras de telefonia e não é por falta de esforço de nossa parte. Parece que a prioridade delas é com o assinante caseiro e com empresas de grande visibilidade. Apesar de consumir bastante tráfego, nosso setor não encontra nas teles produtos adequados.
Com a experiência de vários anos no ramo, adquirida quando era funcionário do Unibanco e da Editora Abril, onde formou equipes de atendimento, Alexandre Jau garante que em telemarketing só sobrevive quem é parceiro do cliente. Não basta ter tecnologia e preços baixos. Aliás, com relação a preços, não há mágica para quem paga imposto, tem uma política salarial e de benefícios adequada e não faz dumping. Problemas sempre existirão, mas a presteza na solução é fundamental. Além, claro, dos resultados.