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Você tem Português fluente?

Inglês fluente?
Você, provavelmente, já escutou essa pergunta em inúmeras entrevistas ao concorrer a uma vaga, sempre disputadíssima, para um emprego. Mas as coisas estão mudando.
Em pouco tempo, a pergunta que você ouvirá será: Português fluente?
Pareceria normal, se a questão estivesse sendo feita em alguma loja de produtos brasileiros em Miami, mas o que surpreende é que um número cada vez maior de empresas, aqui mesmo no Brasil, tem procurado profissionais que se destaquem, não só pelo domínio de uma outra língua, mas pela fluência da nossa própria.
O conceito lógico de que, na sua língua nativa, cada um se expressa como pode e de que todos se entendem muito bem sempre nos pareceu perfeitamente razoável, e, durante muito tempo, as empresas o consideraram como axiomático. O mercado, porém, sempre atento a qualquer indício de mudança, começou a relacionar quedas constantes de lucratividade com mensagens truncadas entre funcionários e com e-mails que massacram o bom português e que circulam livremente pela Internet, “democratizando” de modo homicida a imagem da empresa e de seu autor.
Segundo Laila Vanetti, mestre em lingüística pela Unicamp e diretora da Scritta – Cursos e Consultoria em Linguagem Escrita – a habilidade que uma pessoa demonstra com relação à língua determina a eficiência da comunicação. “Em uma entrevista de seleção ou de promoção, quanto mais o candidato compreender os processos de estruturação do texto, melhor ele estruturará seu pensamento para escrever e falar corretamente e, de maneira concisa e clara, transmitirá uma imagem de seriedade e de competência para o entrevistador”, afirma ela.
A afirmação de Laila Vanetti com relação à Língua Portuguesa encontra sua confirmação na angústia de qualquer um que precise ministrar uma apresentação para os seus superiores ou clientes. As palavras não saem, a informação passada fica incompleta, o assunto não é desenvolvido com a destreza e a clareza que deveria e, por fim, o nervosismo toma conta da situação. O caso se torna ainda mais grave quando a “platéia” não conhece as competências do profissional que dirige a apresentação, que é imediatamente tomado por um embuste por mais que domine tecnicamente o assunto apresentado. O resultado pode ser desastroso para a carreira do apresentador e para a própria empresa em que ele trabalha ou que ele representa.
Essa situação é cada dia mais comum no mercado corporativo e por conta disso as empresas querem dos seus funcionários, em todos os escalões, uma boa comunicação. O número de palestras e apresentações vem se multiplicando a cada dia, e, para agravar esse quadro, se um executivo antes pedia para que sua secretária redigisse uma pauta de reunião ou um memorando para um cliente, agora ele mesmo deve arregaçar as mangas e encarar a tarefa mais simples de escrever um e-mail, que, não raro, pode se tornar bem complexa e ter algumas conseqüências nada desejáveis.
Com foco no problema da comunicação empresarial, várias instituições têm mudado os seus processos de seleção, contratação e promoção de funcionários. A Língua Portuguesa começa a tomar uma posição de destaque em entrevistas e reuniões, tornando-se decisiva na contratação.
Mas tal mudança de comportamento reflete uma mudança anterior: percebe-se hoje em dia que Língua Portuguesa é mais, muito mais do que o ensino de regras de ortografia, acentuação, crase ou pontuação. Vêem que um texto bom é bem estruturado e expressa com clareza aquilo a que se propôs. É claro, coerente, objetivo e não dá margens à dupla (quando não tripla) interpretação.
O que antes era considerado uma exceção em processos de seleção, hoje se torna normal e essencial: a análise da linha de raciocínio do candidato a partir de uma redação ou de uma simples conversa. “A linguagem utilizada por uma pessoa é a expressão de como ela organiza seus pensamentos. Se você se comunica mal é porque não estrutura adequadamente suas idéias. Se a sua comunicação é truncada, incompleta e ambígua não espere que o gerente de RH da empresa na qual você almeja trabalhar vá lhe dar muito crédito”, declara Laila Vanetti.
Uma só conclusão pode ser tirada – a competência da comunicação está se tornando um fator eliminatório no mercado de trabalho e uma arma poderosa para quem a domina. Portanto, na sua próxima entrevista, fique atento ao seu Português, ele pode ser a diferença entre estar ou não empregado.
Agora eu lhe pergunto: você tem português fluente?

Conrado Adolpho Vaz – gerente da Scritta, empresa especializada em cursos de capacitação e atualização de profissionais que usam a linguagem escrita no dia-a-dia.

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