2015, o ano do digital no Brasil

Autor: Edmardo Galli
O ano de 2015 será um ano de ouro para o mercado digital no Brasil e iremos experimentar um enorme crescimento com significativo aumento de investimento e verbas de publicidade no meio digital. Ok, você deve estar pensando que a afirmação acima é um tanto otimista em face da provável crise financeira esperada para o ano que vem no país. Concordo. Realmente o prognóstico para o Brasil em 2015 não é nada bom e provavelmente o cenário econômico será pior do que o de 2014. E isso é parte do motivo do porque teremos um ótimo 2015 no segmento digital. Explico.
 
Mas antes, vamos entender o panorama atual do segmento digital. Com uma previsão de gasto de US$3,19 bilhões em publicidade digital para o ano de 2014 e um crescimento de 15% desse número (US$3,67 bilhões) no ano seguinte, o Brasil desponta como o maior investidor desse setor na América Latina, aparecendo com 60,3% de porcentagem de investimento no continente, mais que o triplo que o segundo colocado, o México (17,0%). Aliado a isso, um levantamento da IDC aponta que, até 2016, o Brasil será o quarto maior mercado mundial de smartphones, fortalecendo ainda mais o setor de marketing digital que nosso país já desenvolve há alguns anos. 
 
O Brasil começa a trabalhar, ainda, um setor novo para o marketing digital: a tecnologia 3D. A nova campanha do Grupo Boticário, realizada em parceria com a W3haus, por exemplo, permite ao usuário uma imersão inovadora por meio de áudio 360º (gravação binaural) e utilização do Oculus Rift, óculos 3D de realidade virtual. Porém, a adoção do digital pelas grandes empresas ainda não se dá de forma natural, até pela dificuldade de compreensão do meio. Digital é (ainda) bem complicado. Apesar do digital ser um meio mais barato, mais efetivo, e com maior controle de target e resultados do que as mídias tradicionais, as grandes empresas tendem a recorrer a esse meio somente em situações de grande necessidade. A adoção do digital se dá na verdade pela necessidade.
Olhando para os nossos companheiros do hemisfério superior, os EUA e a Europa, o “boom” de adoção do digital esteve diretamente ligado à forte crise financeira que assolou essas regiões nos últimos anos. A diferença entre o Brasil e eles, é que esses países já passaram por essa dificuldade e, nos últimos anos, buscaram as soluções digitais, explorando as suas eficientes possibilidades de crescimento. No Brasil, a situação é um pouco diferente. As empresas por aqui ainda não sofreram esse impacto. A crise ainda não bateu de verdade. Mas, infelizmente, esse cenário está prestes a mudar. O ano de 2015 deve ser de mudanças para a estrutura do marketing no Brasil, nos levando para uma verdadeira explosão do digital, fugindo ainda mais, da dependência das mídias tradicionais.
É por isso, também, que o investimento em marketing programático nos EUA vai atingir a impressionante marca de 10 bilhões de dólares. E se ainda acha pouco, a previsão é que em 2016 esse valor dobre. Com um crescimento de 137% em relação ao ano passado, 2014 foi um ano decisivo para esse mercado na terra do Tio Sam, pois consolidou algumas tendências importantes: o real-time bidding (RTB) reina absoluto com uma grande parte dos investimentos em publicidade programática; e o investimento em mobile atinge a marca dos 44%, tendo previsão de ultrapassar os valores em desktop no próximo ano pela primeira vez.
Segundo análises do setor, podemos enumerar quatro principais tendências mundiais que guiarão o grande crescimento do segmento digital: tecnologia móvel, business inteligence, computação em nuvem e mídia social. Os dispositivos móveis serão ainda mais onipresentes, pois permitem novas oportunidades de negócio e inovações nos mais diversos setores da economia. O business inteligence traz cada vez mais informações em tempo real e, com o desenvolvimento e aprimoramento do marketing programático, ele permite que as empresas tenham um conhecimento detalhado sobre seus clientes, tornando os dados mais fáceis de serem lidos e mais precisos para serem analisados e ativados.
Já a computação em nuvem permite que os profissionais de TI aprimorem a utilização de seu tempo, além de, com a facilidade de contratar um serviço desse tipo apenas quando ele é utilizado (pay per use), reduzir os custos de uma empresa. Por fim, as mídias sociais continuam crescendo e trazem maior intimidade ao relacionamento entre empresas e consumidores. As mídias sociais podem facilitar a identificação dos interesses dos clientes, divulgação direcionada a certos públicos, simplificação do atendimento ao consumidor, entre outras funcionalidades que tendem a se expandir em 2015.
O Brasil está seguindo na direção certa no universo digital, acompanhando tendências mundiais, investindo em infraestrutura favorável ao desenvolvimento do mercado e atraindo a atenção de grandes empresas do ramo. O boom digital vem agora. Portanto, só nos resta esperar os fogos queimarem, o champanhe estourar para então celebrarmos, pois 2015 tem tudo para ser um ano de grandes conquistas digitais para o nosso país.
 
Edmardo Galli é diretor geral Latam da IgnitionOne

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