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Bruno Batista, Luciene Rodrigues, Jandaraci Araujo e João Torres

A cultura da diversidade que desafia e diferencia as marcas

Especialistas de Trace Brasil, Conselheira 101, Mais Diversidade e Mover debatem a relevância das políticas de diversidade, equidade e inclusão

Diante dos dados difundidos de forma recorrente pelos vários institutos de pesquisa, sabe-se que o universo formado por mulheres, negros, comunidade LGTBQIA+ e outros grupos considerados minoritários responde por mais de 70% de tudo que é consumido no País. Entretanto, ainda assim, essa realidade não se reflete dentro das organizações, constituindo-se em marcas com dificuldade de conquistar fatias desse público. Muitos dos quadros internos ainda não estão genuinamente configurados por um ambiente diversificado, equitativo e inclusivo, o que gera dificuldade do entendimento das realidades dessas parcelas da população, complicando a comunicação e os negócios. Ao debater essas questões, hoje (01), durante a 769ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA, Jandaraci Araujo, cofundadora da Conselheira 101, Luciene Rodrigues, gerente sênior de projetos sociais do Mover, Bruno Batista, CEO da Trace Brasil, e João Torres, sócio e COO da Mais Diversidade, deixaram claro de que diversidade e inclusão jamais ocorrerão de forma orgânica e natural.

Prometendo abrir a troca de reflexões com uma provocação, João lançou a indagação: o Brasil é mesmo um país diverso? Na sua visão, trata-se de uma das nações com maior grau de diversidade no mundo. Entretanto, acrescentou uma ponderação no caminho inverso, apontando o País como um dos menos inclusivos. Diante disso, lembrou que, quanto maior a diversidade, proporcionalmente mais elevado também deve ser o esforço de inclusão, eliminando o mito de que a diversidade e a inclusão tendem a acontecer de forma natural e espontânea. Nesse sentido, fez uma análise colocando em relevo a necessidade de se adotar, de forma planejada, uma estratégia que leve à inclusão, pois, deixada ao acaso, a tendência é de exclusão. Ele destacou ainda dados de uma pesquisa do instituto Locomotiva, segundo a qual 72% do dinheiro destinado ao consumo saem das mãos de pessoas dos grupos chamados minoritários. Ou seja, se a inclusão ocorre fora da empresa, tem de acontecer também em seu interior, para que essas camadas sejam cada vez melhor entendidas e atendidas.

Complementando, Jandaraci afirmou que o problema ocorre não só na esfera operacional ou executiva. Ela ressaltou a existência de um gap pela nítida ausência de mulheres negras nos órgãos deliberativos das organizações, que, na maioria das vezes, quando querem demonstrar preocupação com diversidade, mantém essas pessoas nos comitês e nas comissões e conselhos administrativos apenas como figuras decorativas. Ou seja, não são ouvidas e nem há preocupação de que possuam equipes fortalecidas. “Isso é o que eu chamo de ‘token’ e que temos de combater firmemente. É preciso entender a premência de uma estratégia multicultural e ‘multibackground’ para poder contribuir com uma visão de futuro, de perpetuidade, para a organização. Um conselheiro ou conselheira não é uma pessoa de cargo executivo, mas aquela que oferece perspectivas e, então, tem obrigação de mostrar o quanto o ambiente multicultural pode responder de forma positiva aos mercados que já são diversificados culturalmente. Em resumo, somos ativistas sim, mas também temos uma visão de negócios e queremos contribuir.”

Por sua vez, Luciene reforçou que é preciso mesmo um esforço, pois a inclusão não irá ocorrer de forma natural, exigindo um posicionamento propositivo das empresas. Ela explicou que o Mover, Movimento pela Equidade Racial, é uma associação formada por 49 grandes empresas que se uniram em um compromisso assumido publicamente em favor dessa causa. “Entenderam que, em virtude do racismo estrutural e histórico, isso não iria acontecer sem que haja a força de um propósito por trás. Somos 56% de pessoas autodeclaradas negras no Brasil e precisamos fazer com que isso se reflita concretamente dentro das organizações, onde essas pessoas, hoje, ou estão ausentes ou, conforme demonstram pesquisas entre as 500 maiores empresas do País, apenas 5% delas exercem cargos de liderança.” E fez um alerta às marcas para o quanto a sociedade está atenta à realidade e efetividade das propaladas iniciativas de diversidade e inclusão, lembrando que o 56% da população brasileira que é negra responde por R$ 1,7 trilhão do que é movimentado na economia.

O que deu oportunidade para Bruno falar da comunicação das marcas com esses públicos, preocupação da Trace Brasil como veículo de entretenimento de cunho afrourbana, aproveitando para trazer mais um dado: desse valor todo consumido no Brasil, R$ 96 bilhões vem das populações faveladas. Para ele, isso chama a atenção não apenas das marcas locais, mas das grandes empresas também, ponderando que se trata de verificar sobre a verdade, autenticidade e transparência  sobre o entendimento de que é preciso líderes identificados organicamente com essas culturas e perfis com as quais as marcas almejam se relacionar. Ele também descreveu o panorama do que ocorre em termos de negócios e multiculturalidade no mundo do entretenimento mundial, além de traçar o quadro dentro do qual as marcas ainda têm dificuldade para efetivar uma comunicação verdadeira e genuína com os públicos específicos dentro da diversidade. “Isso porque as pessoas que tomam as decisões não fazem, em geral, parte da vivência desse universo.”

Houve tempo, ainda, para os debatedores refletirem sobre aspectos mais psicológicos, comportamentais e históricos, além de passarem pela questão do viés de afinidade e das formas de conseguir vencer os desafios com sabedoria e resiliência, respondendo a questões levantadas pela audiência da live. O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 768 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA retorna na segunda-feira, recebendo Viviane Nobre, gerente de atendimento ao cliente da Via, que abordará a internalização para avançar em novos desafios; na terça, será a vez de Marcelo Pacífico, fundador da Dux Nutrition, que falará sobre a marca construída com a evolução do mercado; e encerrando a semana, em função do feriado prolongado, a quarta-feira especial trará o debate sobre o tema  “Brand Experience: O papel da experiência no fortalecimento da marca”, reunindo Marcelo Pacheco, CSO da Eletromidia, Caio Machado, diretor executivo da Curious, Julio Tortorello, head de monetização do Terra, e Luiz Franco, diretor de marketing da BRF (Sadia, Perdigão e Qualy).

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