CEO e cofundador da Tutti Saúde Conectada descreve a trajetória da healthtech que inclui a telemedicina em um ecossistema com planos alternativos e acessíveis à população
Um dos maiores problemas enfrentados, ainda hoje, pela imensa maioria dos brasileiros desprovidos de um plano de saúde é o tempo que decorre entre o início dos sintomas e o do tratamento médico, seja fazendo consultas na internet, se automedicando ou recorrendo aos sobrecarregados serviços públicos. Foi olhando para esse problema e se aproveitando dos avanços da telemedicina que surgiu a Tutti Saúde Conectada. Utilizando um ecossistema que reúne serviços digitais e redes populares de clínicas médicas, a healthtech encontrou um modelo de negócios que pode oferecer, a preços acessíveis, planos alternativos a essa população. Contando sobre o crescimento exponencial da startup ao fazer parte agora do grupo Cartão de Todos e da parceria com a Tim no sentido de disponibilizar serviços de saúde a parte dos 50 milhões de clientes da operadora, Pedro Villa, cofundador e CEO da Tutti Saúde Conectada, foi o convidado, hoje (30) da 767ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.
Começando por descrever a primeira experiência na construção do modelo atual, Pedro disse que tudo começou atendendo aos pacientes de doenças crônicas, raras e oncológicas por meio de parcerias com a indústria farmacêutica, em 2019, quando a utilização da telemedicina ainda não era regulamentada. Nesse momento, a empresa passou a se utilizar de ferramentas tecnológicas para acompanhar a jornada de tratamento dessas pessoas, auxiliando, também, os médicos que cuidavam e prescreviam os medicamentos para esses pacientes. Ou seja, resultava em uma grande complexidade ao demandar um acompanhamento personalizado de um grande número de pessoas, incluindo o relacionamento com seus familiares. “Foi um período de grande aprendizado e que nos levou a incluir, então, os serviços de telemedicina, pensando nos pacientes das classes C e D, olhando para os brasileiros desprovidos dos planos de saúde convencionais. Ou seja, um mercado potencial, acolhendo e oferecendo serviços de saúde àqueles que hoje sobrecarregam o SUS.”
Ao mencionar que, nessa faixa de pessoas está 75% da população brasileira, Pedro lembrou que existem três tipos de coberturas nos planos de saúde já estabelecidos: os particulares, os coletivos por adesão e os de benefícios empresariais, sendo estes – os dos profissionais com carteira assinada – os que respondem pela imensa maioria dos cerca de 50 milhões de brasileiros com cobertura. Em meio a essa realidade, ressaltou o executivo, a pandemia acelerou as discussões sobre a regulamentação da telemedicina, algo que vinha sendo estudado desde 2014, e praticamente forçou sua adesão em função das circunstâncias. “Foi quando percebemos a oportunidade de oferecer esses serviços digitais de saúde à imensa parcela da população sem acesso aos planos convencionais, nos utilizando do modelo B2C e B2B2C. São pessoas que não só estavam longe dos benefícios da telemedicina já utilizada há muito tempo pelas classes B+ e A, como distantes também da possibilidade de um acompanhamento médico na jornada de seus tratamentos, razão pela qual o brasileiro médio se acostumou a recorrer ao que chamamos de ‘doutor Google’. O jeito que descobriu de tentar interpretar os sintomas antes de procurar alguma ajuda médica. E se situando nas primeiras colocações entre os povos mais afeitos à automedicação.”
Ao estudar com profundidade esse panorama, analisando-o em todas as regiões do país junto a essa população, com suas jornadas de saúde que vão da consulta ao Google à fila do SUS e trâmites burocráticos para exames e retornos, o fundador da Tutti disse que se percebeu a relevância de oferecer serviços digitais como meio efetivo de encurtar o tempo entre o sintoma da doença e o início do tratamento, o que pode até salvar vidas.
“A inovação da nossa proposta está não na tecnologia, mas no processo, pensando no antes e depois da própria telemedicina, pois leva a pessoa a pensar sempre em um profissional de saúde para diagnóstico e tratamento. A novidade está em fazer essa conexão entre o digital e o presencial de forma mais rápida e eficaz, para que esse usuário mais simples tenha mais conforto e segurança no seu tratamento.”
Indagado, então, sobre a transformação disso em um modelo de negócio, Pedro explicou que, no B2C, os planos individuais já estão disponíveis pelo site da empresa para serem adquiridos e, na vertente B2B2C, acaba de ser assinada uma parceria com a Tim para a oferta desses serviços aos mais de 50 milhões de clientes da empresa. Na sequência, ele descreveu os desafios implícitos em termos de UX em função do volume de pessoas beneficiadas. “Os usuários até se surpreendem pelo fato de poderem ser atendidos sem saírem de casa e ainda comprarem os medicamentos com descontos em 15 mil farmácias conveniadas.”
Houve tempo para o CEO detalhar como funciona todo o ecossistema de atendimento digital em conexão com as redes de clínicas parceiras, tudo amparado em protocolos e dados que promovam cuidados adequados em tão ampla capilaridade e volume de pacientes. Pedro também ressaltou a importância da humanização em uma experiência figital na saúde, sendo altamente satisfatória tanto para o paciente quanto para o médico, com tudo conectado no ecossistema, de tal forma que, ao chegar à clínica parceira, quando necessário, as informações do paciente e do tratamento já estejam ali atualizadas. Contou ainda da aquisição da empresa pelo grupo Cartão de Todos, que já opera nessa faixa da população, inclusive com a rede AmorSaúde. “Buscamos que as pessoas venham atrás de nossos serviços antes de ficarem doentes, pois a medicina preventiva no país ainda é muito esquecida”, ressaltou o executivo antes de expor os planos futuros da healthtech.
O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 766 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA prossegue amanhã (31), com a recebendo Claudia Gimenez, VP de operações e country manager da Concentrix no Brasil e Rafael Vaz, diretor de CX da Viasat, que abordarão a inovação com humanização, IA e analytics combinados pela CX; e, encerrando a semana, o Sextou debaterá o tema “Diversidade: Relevância para os clientes e um desafio para as marcas?”, reunindo Bruno Batista, CEO da Trace Brasil, Luciene Rodrigues, gerente sênior de projetos sociais do Mover, Jandaraci Araujo, cofundadora da Conselheira 101, e João Torres, sócio e COO da Mais Diversidade.