A geração Y e as IES



Autora: Luciana Palhete


Nesses dez anos trabalhando em departamentos de comunicação e marketing de instituições de ensino superior (IES), tornou-se mais do que usual realizar e  responder perguntas do tipo “quem é o seu (no caso, o nosso) público-alvo?”.  E, felizmente, essa questão vem sendo levantada com cada vez mais frequência por gestores de todas as áreas das IES.


No entanto, atualmente, informações consideradas básicas sobre o aluno, como onde mora, faixa salarial, onde trabalha etc, são fundamentais para que possamos  ter acesso a características desse público. Mas, é de extrema importância saber como esse educando se comporta no ambiente familiar e profissional, o que o estimula, o que ele gosta de fazer nas horas de folga, como ele aprende e como se comunica. Vejo que muitos ainda não sabem responder quem é de fato o público-alvo.


Sem possuir respostas para essas questões, os gestores de instituições de ensino ficam a mercê do mercado avassalador que se constituiu nos tempos atuais. Por isso, quero lançar um holofote sobre o perfil do público geração Y, que está sentado aí, nas carteiras da mais diversificadas Instituições. Não há outra forma, eles são a nossa realidade e vão ditar as regras em um futuro não muito distante!


Se você gestor não sabe como se comporta, onde anda, o que gosta e o que faz essa geração nascida na década de 80, seu negócio está fadado à diminuição de número de alunos, pois, certamente, alguma outra Instituição próxima está levantando esses dados.


Fique atento, o aluno não é mais como nas gerações passadas. Agora, quem está na sala de aula de sua Instituição é a geração Y, que teve como antecessora a geração X e que gosta de trabalhar em equipe, não se submete a realizar qualquer atividade que não tenha “sentido” à sua existência, tampouco fazem coisas por fazer. São antenados em novas tecnologias e desenvolvem várias atividades simultaneamente. E, tudo isso é importante, pois você tem de saber, entender, aceitar e considerar em suas estratégias institucionais, comerciais e mercadológicas esse perfil dentro da Instituição.


A geração Y não tem medo de arriscar e por isso inovam e procuram sempre novos caminhos. De certa forma, isso pode nos prejudicar e muito na retenção de alunos também, pense nisso! Se muitos não se submetem a seguir carreira em que tenha que ter horário de entrada e saída do emprego, imagine nessa etapa, onde o horário de aulas engessado, maçante! Claro, não falo em termos de libertinagem e bagunça, mas sim de uma flexibilidade maior, mesmo porque acredito que os valores da geração Y não são muito diferentes dos valores tradicionais, são apenas mais liberais em termos de cultura e de acessibilidade.


Eles ainda valorizam a honestidade, criatividade, família e sucesso. O que precisamos fazer é ver por uma perspectiva diferente, olhar pelos olhos deles. Recentemente uma pesquisa da MTV Brasil, intitulada “Dossiê Jovem”, entrevistou 2.154 pessoas entre 12 e 30 anos em São Paulo, no interior paulista, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Porto Alegre, publicada na revista Veja SP, edição de 8 de dezembro de 2010, apontou que 90% dos jovens apontam a união familiar como o principal valor, e que 61% moram na mesma residência com a mãe.

Como a geração Y precisa criar, experimentar e por isso não gosta de se sentir presa (comportamento esse que já os qualificou como folgados, indisciplinados e insubordinados, mas a realidade é que esses jovens procuram fazer aquilo que lhes dá sentido), acredito que podemos pensar em algumas questões, como: “O conteúdo programático de sua instituição atende, na medida permitida de nossa legislação, a essas características?” “O seu planejamento de comunicação, contempla atividades e mídias de acordo com esse perfil?” “Redes sociais, mobilidade, multiplicidade de focos, interatividade fazem parte do dia-a-dia do seu alunado?”


É evidente, há que se mudar a forma de pensar e agir, conseguiremos caminhar juntos com essa geração, para assim estimular a troca, o respeito e a aprendizagem de maneira significativa. Mas já preparando o terreno, porque em breve, quem estará sentando em nossos bancos escolares não será a tal geração Y, mas sim a atual e recém saída do forno, geração Z.


Bem-vindo a onda da geração “sopa de letrinhas”!



Luciana Palhete é coordenadora de comunicação e marketing do Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo)


 

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