Felizitas Lichtenberg, head global de diversidade e inclusão da SumUp

A importância de incluir e valorizar a neurodiversidade nas empresas

Muitas empresas ainda trabalham com premissas que desconsideram as necessidades específicas de pessoas neurodivergentes

Autora: Felizitas Lichtenberg

A neurodiversidade, que abrange condições como autismo, TDAH e dislexia, afeta um número significativo de pessoas no mundo. Incluir e valorizar esses profissionais no ambiente corporativo é mais do que uma questão de justiça social, mas um caminho assertivo para impulsionar a diversidade, a inovação e o crescimento do negócio. Afinal, diferentes formas de pensar e processar informações podem trazer perspectivas únicas e criativas para a resolução de problemas nas companhias.

Um dos principais desafios para a inclusão adequada da neurodiversidade é a falta de conscientização. Muitas empresas ainda trabalham com premissas que desconsideram as necessidades específicas de pessoas neurodivergentes, como no caso de se manter uma estrutura rígida de reuniões, a expectativa de contato visual constante e a preferência por ambientes abertos com várias interferências sonoras. Desconstruir esses padrões e criar um ambiente verdadeiramente inclusivo, onde cada indivíduo possa se sentir confortável e contribuir plenamente com suas habilidades, é fundamental. 

Ter na equipe profissionais que pensam ou experimentam emoções de maneira diferente pode ser uma vantagem competitiva. Pessoas neurodivergentes podem ter uma forte capacidade de resolução de problemas e a habilidade para se concentrar mesmo sob pressão. Quem tem dislexia, especificamente, pode apresentar habilidades verbais e criatividade acima da média. Pessoas com autismo podem ter uma maior atenção aos detalhes.  

A mudança de paradigma relacionada à inclusão da neurodiversidade nas organizações começa no processo de recrutamento, que deve ser adaptado para minimizar o estresse e a ansiedade que pessoas neurodivergentes podem sentir em situações de avaliação. Fornecer informações claras sobre as etapas do processo, oferecer opções de entrevista em ambientes mais calmos e avaliar as habilidades de maneira mais prática e menos teórica são algumas medidas que podem fazer a diferença. Além disso, treinamentos para gestores e equipes sobre como se comunicar e colaborar efetivamente com colegas neurodivergentes são essenciais para criar um ambiente de respeito e compreensão mútua.

Investir em treinamentos e workshops sobre neurodiversidade é fundamental para toda a organização. Essas iniciativas devem abordar não apenas os diferentes tipos de neurodivergência, mas também as melhores práticas para a inclusão no dia a dia, como a adaptação de métodos de comunicação, a flexibilização de horários e a criação de espaços de trabalho mais adequados às necessidades sensoriais de cada indivíduo. A SumUp, por exemplo, já implementa treinamentos regulares sobre o tema, demonstrando o compromisso com a construção de um ambiente mais inclusivo e diverso.

Por fim, a inclusão da neurodiversidade é um processo contínuo de aprendizado e adaptação. Requer um esforço conjunto de toda a empresa para criar uma cultura de respeito, empatia e valorização das diferenças. Ao reconhecer e aproveitar o potencial único de cada indivíduo, as companhias não apenas contribuem para uma sociedade mais justa e equitativa, mas também se beneficiam de uma força de trabalho mais resiliente. A neurodiversidade está longe de ser um obstáculo. Pode ser até uma oportunidade para o crescimento e o sucesso no mundo corporativo.

Felizitas Lichtenberg é head global de diversidade e inclusão da SumUp.

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