O canal para quem respira cliente.

Pesquisar
Close this search box.

A Internet enfim está amadurecendo… ou apodrecendo?

A Internet passou por vários estágios nestes cinco anos de Brasil, desde o interesse e curiosidade iniciais até a euforia do final dos anos 90 e o desânimo do ano 2000. Muitos acreditavam que o caminho da ‘Nova Economia’, do dinheiro fácil e das grandes conquistas estava próximo. Assim como na época do Cinema Novo, quando para se tornar rico bastava ‘uma idéia na cabeça e uma câmera na mão’, o boom da Internet fez com que os novos empreendedores aparentemente dependessem somente de ‘uma idéia na cabeça e um business plan na mão’. Depois de um business plan pronto bastava procurar um banco de investimento e esperar pelo IPO para ganhar dinheiro.

Anteriormente, muitos modelos foram fadados ao fracasso pois acreditavam em novas regras para a nova economia, esquecendo-se que os clientes e as empresas pertenciam à velha economia. Além disso, todos queriam atrair visitantes para os sites, sem levar em conta o custo de aquisição. Todas as funcionalidades possíveis e imagináveis eram colocadas nos sites sem que fosse levado se essas iniciativas se alinhavam aos negócios dos clientes. Acreditava-se que o negócio devia simplesmente ser atrativo o suficiente para ‘ludibriar’ possíveis investidores.

Como medir então, se a Internet será um sucesso ou um fracasso, se veio para ficar ou se será esquecida? Intuitivamente podemos responder que a Internet veio para ficar e ainda está nos seus estágios iniciais, porém podemos ir um pouco mais a fundo nessa análise e explorar como as empresas tirarão proveito da Internet e, principalmente, como o mercado se comportou em relação às primeiras expectativas.

Com relação às expectativas e previsões do mercado, certamente estas estão menores agora. Algumas projeções dos institutos de pesquisa, sobre B2B e B2C, passaram a ficar velhas muito cedo, perdendo a validade. Este fato decorreu por três motivos: profundas mudanças na economia mundial, que tiveram como conseqüência uma diminuição do fluxo dos investimentos em tecnologia; o excessivo otimismo constante nas projeções iniciais; números finais do B2B e B2C em 2000 menores que os projetados.

As projeções para o B2B mostram que este não se desenvolverá tão rapidamente quanto se previu nos últimos anos, vide as reduções nas previsões, mas mesmo assim, deve movimentar globalmente US$ 8,5 bilhões, em 2005, segundo a Gartner Group. Este número é exatamente o mesmo de projeções anteriores do Gartner Group, embora o instituto tenha revisto, para baixo, as movimentações de B2B em 2001 (de US$ 953 bilhões para US$ 919 bilhões), em 2002 (de US$2,2 trilhões para US$ 1,9 trilhões), em 2003 (de US$ 4 trilhões para US$ 3,6 trilhões) e em 2004 ( de US$ 7,3 trilhões para US$ 6 trilhões). Essas alterações nas previsões mostram que as perspectivas continuam positivas para os negócios via Internet, o único ponto é que esta evolução será um ponto mais lenta que o previsto anteriormente.

Este último ano serviu como base para que as projeções tivessem uma base maior como histórico, cuja falta era apresentada anteriormente como desculpa para projeções infundadas. Mas, será isso suficiente para podermos agora definir com mais clareza o futuro dos negócios pela Internet?

Sabe-se que hoje a Internet é em parte ou total responsável pelo andamento de negócios de milhares de empresas, sejam estas voltadas ao consumidor final ou para o negócio entre empresas. Mas afinal, o que mudou nos negócios em relação à Internet?

Como o sonho do enriquecimento rápido desapareceu, quem ficou nesse mercado começa agora a sair da perplexidade e procurar soluções criativas para rentabilizar o investimento, remunerar acionistas e construir, de fato, empresas sólidas. Muitos fundos de investimento se viram em determinado momento, com suas carteiras inchadas de investimentos estacionados na rede e sem perspectivas de recuperá-los no curto prazo. Agora, pouco mais de um ano após a crise da Nasdaq, as controladoras estão participando mais ativamente da administração estratégica de suas controladas, implementando algumas práticas de gestão. Esse novo cenário exige que as empresas avaliem suas estratégias de negócio, concentrando esforços nas suas competências básicas. As empresas cada vez mais estarão buscando proximidade de contato com empresas tradicionais e atividades anteriormente tidas como básicas e que estão agora ganhando corpo e importância.

Produtividade, geração de valor, busca por excelência operacional, liderança de produtos e serviços, aumento da qualidade de relacionamento com o cliente e aumento da capacidade de promoção de marca passam a se tornar os principais fatores de sucesso a serem atingidos por aqueles que usam a Internet para negociar.

Fatores anteriormente relegados a segundo plano, passam cada vez mais a ser um fator de destaque para que as empresas se sobressaiam, utilizando a tecnologia para o desenvolvimento de projetos que possibilitem o reconhecimento do consumidor em qualquer canal de acesso – lojas físicas, websites e catálogos – com a combinação de iniciativas de CRM e gerenciamento da cadeia de valores. A consolidação de comunidades, retenção e fidelização dos clientes e a personalização de produtos e serviços passam a ser a palavra de ordem.

Mais que oferecer seus produtos e serviços no novo e no velho mercado, é necessário que as empresas mantenham contato com o cliente fora da Web, principalmente em se tratando de empresas de B2C. A Amélia, por exemplo, passou a contactar seus clientes por mala direta via correio.

Novos posicionamentos para os negócios que se utilizam da Internet são cada vez mais buscados pelos investidores em parceria com os executivos dessas empresas. Alguns exemplos, como o Amélia citado acima, mostram isso. O IG vendeu sua estrutura de provimento de acesso à Telemar, concentrando-se na produção de conteúdo e buscando outras mídias para incrementar o contato com os clientes. O Submarino por sua vez, deixou de vender produtos exclusivamente pela Internet, passando a vender também por telefone, e correio, investindo em catálogos de venda e tirando partido de uma infra-estrutura criada para atender pedidos via Web. O Connectmed, empresa de B2B criada para melhorar os processos burocráticos que interligam médicos, pacientes e planos de saúde, antes vista pelo mercado como uma empresa de Internet, passou a se posicionar como empresa de tecnologia e traçou novo plano de crescimento, comprando empresas, que eram contratadas anteriormente, para fazer a comunicação entre consultórios, clínicas médicas e planos de saúde e colocando seus clientes sob uma plataforma eletrônica única.

Aos poucos e aos trancos, as empresas que utilizam a Internet, sejam estas pontocoms ou click and mortars, estão abandonando as utopias iniciais e moldando cada vez mais seus negócios aos princípios básicos de mercado e às velhas regras da economia global.

Diferentemente do que foi imaginado por muitos, a maior parte dos investidores não está sentado nas suas ações esperando que as coisas se resolvam por si só, sem saber o que fazer. Como mostrado nos exemplos acima, há vários grupos que resolveram deixar de lado as oscilações do mercado e se concentrar na criação de projetos mais consistentes, seja por meio de mudanças de diretrizes, de mudanças de gestão, de nova estrutura de capital ou até mesmo da fusão entre algumas empresas.

O fato de já ter empresas corrigindo a rota é um sopro de ânimo no mercado e uma demonstração de maturidade que procurávamos, o que pode fazer com que as recentes projeções dos institutos de pesquisa fiquem novamente velhas em pouco tempo, devendo ser revistas, só que desta vez para cima.

Marcelo Xavier, sócio-consultor de indústrias da E-Consulting® Corp.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima