Há 25 anos, uma fita original VHS custava muito caro, quase tanto quanto um disco Blue Ray hoje em dia, e a melhor opção para quem queria ver um filme em casa no fim de semana era alugar uma ou duas fitas na locadora da esquina. Com o tempo, as locadoras se adaptaram ao surgimento do DVD, substituindo o acervo e, mais tarde, competindo com a comercialização indiscriminada de DVDs piratas.
Hoje, é cada vez mais raro encontrar lojas de aluguel de filmes já que, confortavelmente sem sair de casa através do controle remoto, é possível alugar uma grande variedade de títulos a um preço acessível e em alta definição. Para o desespero dos colecionadores, agora, ao invés de ir à loja e comprar um produto físico – CDs, DVDs, caixa de software para instalação – os consumidores podem simplesmente confirmar o pagamento e assistir o conteúdo por streaming.
A chamada computação em nuvem se faz cada vez mais presente no nosso dia-a-dia e, silenciosamente, revoluciona. A começar pelo seu dinheiro. Fisicamente, você sabe onde ele se encontra? Não, mas os bancos oferecem grande parte dos seus serviços virtualmente com a mesma segurança oferecida por uma agência física.
A nuvem, discutida amplamente no setor e em veículos especializados de tecnologia, é um novo modelo de consumo e entrega de TI, inspirado em serviços de internet como Google e Facebook. Ela não requer profundos conhecimentos técnicos por parte dos usuários e o acesso pode ser feito a partir de qualquer dispositivo (desktop, thin client, notebook, netbook, tablet ou smartphone), em qualquer lugar, independente da plataforma (Windows, iOs, Android e Linux).
Com a necessidade de reduzir os custos associados ao desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação, as organizações optaram por adotar a arquitetura de computação em nuvem – baseada na Internet, na qual os recursos partilhados, o software e a informação são disponibilizados aos computadores pessoais a pedido, como se fossem serviços públicos. Atualmente são quatro os modelos de serviços que começam a ser disponibilizados no mercado mundial: Infrastructure as a Service (IaaS), Platform as a Service (PaaS), Software as a Service (SaaS) e Business Process as a Service (BpaaS), que podem ser implantados no modelo privado, público ou híbrido.
Ao utilizar um software fornecido via SaaS, por exemplo, prestadores de serviço e clientes são capazes de tirar vantagem da automação de forma rápida, a custos mais previsíveis, alcançando um rápido retorno sobre investimento. Novos projetos, inviáveis quando o custo de investimento é impeditivo, podem ser criados quando TI passa a ser vista como utility, como despesa operacional.
O gerenciamento é terceirizado, a infraestrutura é dedicada e o sistema bem melhor. O conceito de grandes investimentos em um sistema passa a ser substituído pelo pagamento de pequenos valores mensais, sempre mais interessante do ponto de vista orçamentário.
Além disso, o software instalado vem com custos iniciais significativos e complicações relacionadas com a instalação e o suporte de uma aplicação. O modelo de software como serviço é baseado em “one to many”, um sistema multimodelo de entrega em que o aplicativo é compartilhado entre os clientes.
A premissa fundamental deste modelo é que o provedor SaaS investe em tecnologia, hardware e serviços de apoio permanente, ao invés do cliente. Para o gestor de TI, são dois os argumentos que mais importam: diminuição do custo de propriedade e tempo menor gasto no gerenciamento completo de todo o parque de máquinas e helpdesk. As soluções de acesso remoto colaboram com a redução dos custos e permitem que pequenas e médias empresas tenham acesso a boas ferramentas de TI, sem que façam grandes investimentos em hardware e infraestrutura.
Sistemas centralizados, escaláveis, acessíveis e cem por cento disponíveis serão itens obrigatórios para qualquer empresa. Assim, não é de estranhar que, segundo estudo realizado pela IBM, 16% das companhias já processam aplicações em cloud e 35% pretendem adotar esse modelo até 2015 para ganhar mais eficiência e reduzir custos.
José Rubens Tocci atua no mercado de tecnologia da informação há mais de 30 anos. Foi presidente da Borland Latin América e hoje comanda a Engine, companhia de outsourcing de softwares e infraestrutura.