Autor: Rogério Maraccini
Desde que foi criada pelo físico britânico Tim Berners-Lee, a internet vem mudando o mundo e a vida das pessoas. Inicialmente utilizada como central de informações, veio, ao longo dos anos, transformando a si mesma e tornando-se um grande ambiente de relacionamento pessoal e profissional, além de central de serviços, entretenimento e canal de negócios.
Hoje, ela deu um passo além e, mais do que apenas conectar pessoas, está provendo a conexão de coisas. É uma nova revolução tecnológica que liga equipamentos, dispositivos e outros itens utilizados no dia a dia à rede mundial de computadores – da geladeira, televisão e veículos ao sistema de fornecimento de energia, passando por roupas e calçados. Se hoje a quantidade de dados – úteis e não tão úteis – gerada pela internet é quase incalculável, o que se pode dizer do que ocorre agora quando máquinas ‘inteligentes’ conversam entre si e, claro, geram mais dados e informações?
As possibilidades desta nova fase da internet são imensas, poderosas e vão facilitar enormemente a vida de todos. Mas, existe uma questão que não pode ser deixada de lado, devido ao impacto gigantesco que terá. Trata-se da gestão e da segurança destes dados e dos processos envolvidos. É interessante lembrar que, com a Internet das Coisas, os dispositivos hoje passivos passarão a interagir e gerar serviços, dados e facilidades; as cidades estarão cada vez mais conectadas, as casas, mais inteligentes e automatizadas; haverá total controle e conexão aos sistemas de segurança de casas, com a abertura de portas, portões e veículos, etc.
Assim, dá bem para imaginar as situações – a que cujo debate devemos nos voltar -, de vulnerabilidade em que se encontrará o usuário destas facilidades. Basta lembrar o que ocorreu inicialmente com os computadores pessoais e depois com os celulares. Isso, sem mencionar a enorme dependência que passaremos a ter da tecnologia quando tudo estiver interconectado, como se prevê num futuro nada distante.
Diante dessa realidade e do alto risco de ataques cibernéticos, fica mais do que clara a necessidade de se estabelecer gestão e políticas para os processos envolvidos, além de instrumentos que possam garantir a segurança de todos os itens conectados entre si e à internet. Outro fato que precisa ser levado em consideração é a necessidade de os fabricantes integrarem aos equipamentos e aplicativos sistemas de segurança padronizados, que os tornem menos vulneráveis a ataques.
Já os consumidores precisam ficar conscientes dos riscos a que estarão expostos. Precisam informar-se bem sobre a segurança dos itens conectados à internet e, nunca é demais lembrar, utilizar senhas mais sofisticadas, menos previsíveis, e, se possível, lançar mão da criptografia.
Os governos precisam entender a nova realidade e a necessidade premente de investimentos e de estabelecer legislação para o setor como forma de manter ordem e soberania. Pois, como se sabe, o advento da tecnologia é irreversível. Ela é extremamente útil, mas é importante pensar em como utilizá-la com segurança. Vale lembrar que, se agora as coisas estão simplesmente conectadas, chegará o dia em que, devido ao avanço da tecnologia, estarão também pensando por conta própria.
Rogério Maraccini é diretor-executivo da ForenseNet Tecnologia