Até bem recentemente, a posse de um grande legado de tecnologia se constituía em grande vantagem para as operadoras tradicionais (um dia chamadas “incumbentes”), em relação aos players “entrantes”. Contudo, em face das facilidades e flexibilidade das novas tecnologias, as operações de adaptação do legado para o novo ambiente de serviços já vão se tornando reflexos de uma visão excessivamente dogmática.
Os novos patamares tecnológicos atingidos pelo padrão Ethernet e o forte empuxo da tecnologia de fibras, por exemplo, comparecem neste cenário para apontar a estratégia de MANs (Metropolitan Area Networks) como parte indispensável das novas políticas de competitividade das operadoras e provedores.
Na verdade, já em meados da década passada, o modelo ATM deu um primeiro impulso a projetos nesta linha, com sua bem sucedida promessa de convergir dados, voz e vídeo. Porém, o fato é que, mesmo bem combinados em excelentes soluções de serviços; nem as redes tradicionais SONET/SDH, nem o ATM, puderam acompanhar a drástica necessidade de redução de custos que a nova competitividade instaurou.
Redução de custos que, ao contrário já é oferecida pela enorme disponibilidade de fibras, cujo investimento inicial já foi absorvido e cuja capacidade de tráfego ainda está por ser explorada.
Se, no passado, a implementação de Metro-LANs dependida de caras linhas alugadas; hoje, as evoluções do padrão Ethernet já permitem a criação de ambientes de serviço público de alta qualidade em Metro-LANs sobre linhas de baixo custo. E considerando o Ethernet como o padrão de fato das LANs, é natural que, o usuário corporativo fuja das múltiplas conversões e dê preferência por conectar suas Metro-LANs usando protocolos “nativos”.
Projetada nativamente para voz, a infra-estrutura SONET/SDH apresenta particular dificuldade na conexão com novos dispositivos do mundo predominantemente de tráfego de dados. Em contraste, as novas gerações de comutadores de alta velocidade, são capazes de oferecer a mesma magnitude de serviços das redes convencionais, a custos incomparavelmente menores.
A ineficiência da estrutura SONET/SDH para o tráfego não uniforme compromete, por exemplo, o seu desempenho para a oferta de serviços IP, que hoje são uma inegável exigência do mercado.
Entre as desvantagens destas redes legadas SONET/SDH, no atual cenário, está ainda a operação por ciclo de tempo, totalmente inflexível e inadequada para um ambiente não uniforme, que exige novas formas de “billing” para serviços como VPNs, web hosting, co-location ou aplicações de outsourcing.
Se é com razão considerada altamente protegida, a arquitetura SONET/SDH tipicamente faz uso de um segundo par de fibra para garantir a recuperação em questão de milisegundos.
Mas já é possível hoje obter este mesmo nível de segurança em GB-Ethernet, através de espelhamento, usando o tráfego bidirecional, sem a exigência de uma fibra extra. Além disto, as novas funcionalidades do Multi-Protocol Label Switching (MPLS) permitem estabelecer múltiplos pontos de proteção crítica, com comutação imediata em caso de falhas.
Novos algoritmos de recuperação estão preparados para agir nesta tecnologia em apenas 50 milisegundos, o que representa, de fato, a superação dos últimos argumentos em favor da SDH/SONET.
Resumindo, se a proteção do legado, até outro dia mesmo, representava a preservação do investimento e manutenção da vantagem nativa; hoje, o avanço e disseminação das tecnologias de conexão local em alta velocidade significam, de fato, um ambiente completamente novo. E tudo indica que, aos poucos, este mundo vai se tornando inóspito para as tecnologias legadas.
Leonardo Bon é diretor regional da Extreme Networks para a América Latina. e-mail [email protected]