Big Data não faz mágica

Autor: Fernando Gambôa
O sonho de prever o futuro sem recorrer a ajudas esotéricas tem se tornado cada vez mais próximo com o advento das novas ferramentas de Big Data. Seu caráter inovador está no fato de analisar dados não estruturados das mais variadas fontes em grande volume, e processar tudo isso rapidamente. Assim, as empresas podem antecipar com grande segurança situações concretas e tendências que afetam os negócios no presente.
Mas tão importante quanto à tecnologia é ter pessoas capazes de saber o que fazer com essas informações. Investir em ferramentas de Big Data requer um modelo de implementação e transformação organizacional sólido para o projeto não naufragar.
Antes de tudo, a empresa precisa ter um sistema de gestão estável, que gere dados corretos e íntegros. E colocar isso em prática requer tempo e planejamento. Envolve a organização prévia de processos, a escolha da tecnologia adequada e o envolvimento dos futuros usuários do sistema. 
O treinamento e capacitação das equipes de TI são a parte fundamental do negócio, para que ele tenha sucesso e condição de lançar modelos inovadores. Muitos projetos não dão certo porque algumas companhias já querem pular essa etapa.
Algumas plataformas são essenciais nesse processo, como o SAP Retail e o Analytics, aplicados para a administração do sortimento nas lojas e o monitoramento das tendências. No varejo, as novas tecnologias conseguem identificar quem está dentro da loja, o perfil de consumo, sua renda e preferências. De posse das informações, é possível enviar, em tempo real, uma oferta individualizada para motivá-lo a comprar mais. 
Toda essa velocidade permite que alguns estabelecimentos lancem promoções em segundos que antigamente demorariam meses para serem elaboradas. Em um shopping center, por exemplo, o valor do estacionamento é abonado ao reconhecer que o consumidor está dentro do lugar por meio de um GPS. Em troca, o cliente recebe ofertas personalizadas em seu celular para adquirir produtos dentro do centro de compras.
Há empresas de diferentes setores que investem nessas novas tecnologias apenas porque estão na moda ou porque o concorrente largou na frente. E esquecem que a tecnologia deve ser só um dos componentes de uma estratégia maior. Os softwares colhem e condensam dados de forma eficiente, mas não fazem milagre. O fator humano é fundamental para chegar a conclusões corretas. Aí entra o papel do analista, que precisa ler dados e transformá-los em ações práticas. 
E coordenar e integrar todas essas ferramentas com a capacitação das equipes encontra alguns obstáculos. Muitas empresas ainda não encontraram uma metodologia capaz de aglutinar tudo que chegou recentemente ao mercado e coordenar a sua logística para dar consistência e retorno. 
Todo mundo fala em Big Data, mas no final o êxito operacional é regido pela capacidade logística que a empresa possui. Todo mundo quer comprar em um site e ter a certeza que vai receber. Os modelos de planejamento são fundamentais para os empresários. Tornou-se inviável justificar usar as novas tecnologias de forma isolada. É fundamental que elas estejam integradas com os objetivos de negócios da empresa. 
Fernando Gambôa é diretor sênior do Grupo ASSA

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