Bola da vez no varejo mundial



A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) reuniu, na terça-feira (09/02), especialistas em varejo e empresários do setor para repercutir as novidades apresentadas no evento de varejo NRF 2010, também conhecido como Retail’s Big Show. O vice-presidente da ACSP e organizador da comissão, Nelson Kheirallah, ressaltou a importância de adaptar os conteúdos apresentados no congresso para a realidade brasileira. “Felizmente, no contexto varejista, estamos em posição bem mais favorável que os americanos, saturados no mercado varejista e ainda administrando os reflexos da crise econômico-financeira”, menciona.

 

De acordo com Ricardo Pastore, coordenador do Núcleo de Estudos de Varejo da ESPM, o Brasil é saudado como a grande oportunidade para o varejo, sendo considerada a economia emergente mais importante do momento. “O cenário norte-americano está estagnado. Lá existem mais de 100 mil shopping centers, com previsão zero de abertura de novos estabelecimentos. No Brasil, embora o número seja bem menor – 400 shoppings – somente em 2010 prevê-se abrir 40 empreendimentos, o que significa um aumento de 10% em somente um ano”, destacou.

 

Uma das tendência vista no evento é que a questão da sustentabilidade deixou de ser vista como preocupação politicamente correta para tornar-se rentável, bem como o uso de estratégias de comunicação 2.0 – ou seja, as redes sociais. Entre os especialistas, foi unânime a premissa de que essas plataformas não devem ser meros meios de propaganda, mas também meios multilaterais de relacionamento, o que agrega muito à marca.

 

Abordando a questão do atendimento estratégico, o sócio da empresa Ponto de Referência, Edmour Saiani, ressaltou a importância de enxergar o relacionamento com o cliente como ponto crucial para os negócios. “Dentre os motivos que impulsionam o consumidor a abandonar uma marca e migrar para outra, 30% estão relacionados a produtos e 70% a atendimento”, alertou o especialista.

 

Já Francisco Alvarez, professor da USP e ESPM, enfatizou o problema do excesso de produtos para satisfazer aos desejos do cliente. “Na tentativa de aumentar o mix de mercadorias, há uma saturação de produtos que mais confunde o consumidor do que o satisfaz”, explicou. Valendo-se da premissa “retail is detail” (varejo é detalhe), Alvarez mencionou outro problema dos excessos de mercadoria: “na tentativa de impressionar o cliente com sua gama extensa de produtos, o varejista acaba escondendo outras mercadorias. É sumamente importante lembrar-se da seguinte regra: se o produto não está visível, ele não está à venda”.

 

O sócio-diretor da GrowBiz, Dagoberto Hajjar, abordou os aspectos tecnológicos que prometem revolucionar as práticas varejistas. Na sua apresentação, a tônica manteve-se em torno das condutas não-invasivas de obter informações estratégicas sobre o cliente e, ao mesmo tempo, encantá-lo ao invés de importuná-lo. “Na tentativa de obter os gostos e desejos dos clientes, muitos varejistas tornam-se hostis, fazendo da sua relação com o consumidor um verdadeiro ‘Big Brother’, assustando-o ao invés de criar relacionamentos”, explica.

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