Amplamente difundido, o modelo de parcelamento de compras já faz parte da cultura dos brasileiros, com 54% deles propensos a usar esse método para compras abaixo e entre US$ 250 e US$ 1.000, enquanto a média total de outros países gira em torno de 40% da população. A informação faz parte do estudo Generation Pay 2021, que analisou, em cinco países – Brasil, Reino Unido, Singapura, Austrália e Estados Unidos -, o comportamento de diferentes gerações a fim de compreender seus hábitos e atitudes sobre finanças e meios de pagamento, além das implicações de longo prazo da pandemia.
Realizado pela Worldpay from FIS, em parceria com a Savanta, o levantamento escutou mais de 4 mil participantes e revela também: em um cenário com diversos meios de pagamentos digitais surgindo a cada ano, as gerações Z e Y/Millennials estão entre as mais propensas a usar avançadas tecnologias de pagamentos em todos os países analisados. Um dos destaques é a aderência destes públicos ao uso de criptomoedas, com 34% e 40% dos entrevistados, respectivamente, interessados em adotá-las como método de pagamento.
A sondagem aponta ainda para a consolidação da tendência do “Buy Now, Pay Later” (BNPL – na sigla em inglês) ou, crediário digital como destaque entre os meios de pagamento. Quando o valor de compra é maior que US$ 1.000, o país mais adepto a esse modelo é Singapura, com 50% da população, enquanto no Brasil é 44% e a média dos países é 37%.
“O avanço nas tecnologias que impactam os meios de pagamento está cada vez maior. A cada ano surgem mais inovações que revolucionam o modo de consumir. Por isso, a Worldpay está, constantemente, em busca de informações sobre o universo dos meios de pagamento e hábitos dos consumidores em todo o mundo”, afirma Juan Pablo D´Antiochia, vice-presidente sênior da Worldpay from FIS para a América Latina, acrescentando que “o estudo Generation Pay se propõe a fazer exatamente isso – mapear hábitos, relação com as finanças pessoais, expectativas e necessidades de diferentes gerações e em diferentes cenários do mundo”.
Impacto no comércio
A pandemia foi um marco importante e a retomada da economia tem conduzido o mercado no último ano. Houve diversas mudanças tanto na maneira de consumir quanto em relação às categorias consumidas. O estudo aponta que, nos últimos 12 meses, 50% aumentaram seus gastos com supermercados nos cinco países analisados e 30% com assinaturas de conteúdo digital e streamings. No Brasil, o comportamento foi parecido, com 67% dos entrevistados afirmando que aumentaram seus gastos com supermercados e 42% com assinaturas e streamings.
O levantamento também mostra que, em relação às gerações, os Millennials foram os que mais aumentaram seus gastos com supermercado (57%) nos cinco países analisados, assim como no Brasil (76%). Importante destacar que, mesmo com o encerramento do isolamento já vivido há pelo menos um ano, os gastos em comer e beber fora de casa ainda estão entre as categorias que os consumidores estão gastando menos (47%) nos cinco países analisados. No Brasil, essa porcentagem é ainda maior, com 57% dos entrevistados afirmando que esta categoria foi a que eles gastaram menos. Porém, para os próximos 12 meses, 41% dos brasileiros afirmam que pretendem gastar mais com saídas para comer e beber, assim como com viagens.
Programas de Fidelidade
As compras de supermercado são a área de maior interesse dos entrevistados com relação aos programas de fidelização, com 75% dos consumidores nos cinco países analisados citando a preferência, seguidas pelas compras em saúde e bem-estar (57%), viagens (56%) e restaurantes (54%). Os países com maior interesse nos benefícios em todas as categorias são Brasil e Singapura, com preferência em programas de supermercados (86% e 79%, respectivamente).
Quando se analisa a relação das gerações com os programas de fidelidade, no Brasil não há grandes diferenças, com aproximadamente 50% a 60% de todas as gerações afirmando terem interesse nos diferentes tipos de recompensas. Já em Singapura, os Boomers+ são aqueles que demonstram mais interesse por programas em que os pontos podem ser ganhos automaticamente (72%), enquanto as gerações Y e X são mais adeptos por programas com resgate em diferentes lojas (55% e 41%, respectivamente).
Meios digitais em ascensão
Desde o último ano, os consumidores passaram a usar mais frequentemente os meios de pagamentos digitais sem contato, com 65% dos entrevistados preferindo o contactless (pagamento por aproximação) nos cinco países analisados por se sentirem mais seguros dessa forma. Para 69% dos respondentes, esse formato é visto como mais fácil e conveniente frente às novas etiquetas sanitárias.
Apesar da ascensão dos pagamentos por aproximação, a segurança ainda é um ponto observado por grande parte dos entrevistados nos cinco países, mas principalmente no Brasil e em Singapura. De acordo com o levantamento, 72% dos brasileiros e 62% dos entrevistados em Singapura gostariam que os comerciantes demonstrassem mais a segurança de seus métodos, enquanto no Reino Unido e na Austrália 46% e 44%, respectivamente, precisam de mais clareza em relação à segurança.
Quando se compara a relação entre as gerações, nos cinco países analisados, todas as gerações são adeptas ao pagamento por aproximação, mas os Y/Millennials são os que afirmam ser mais fácil e conveniente fazer pagamentos sem contato (72%). No Brasil, os Y/Millennials também são a geração mais adepta ao contactless (67%), enquanto a menos propensa são os Boomers (53%) – mais ainda assim mais da metade de todas as gerações brasileiras já aderiram ao método.
Entre as experiências de compra mais utilizadas nos últimos 12 meses, as entregas à domicílio prevalecem nos cinco países analisados, com 53% dos entrevistados afirmando usar o serviço de delivery. Em seguida, aparece o pagamento com pontos de programas de fidelidade, com 37% nos países analisados.
No Brasil, as experiências mais utilizadas pelos consumidores na hora da compra são o delivery (69%), pagamento por QR code (42%), “compre e retire” (37%) e pagamento com pontos (32%). Já nos Estados Unidos, as experiências mais utilizadas são delivery (43%), salvar os dados de pagamento para maior agilidade (38%) e pagamento com pontos (34%), enquanto o pagamento por QR code – preferência no Brasil – foi utilizado por apenas 8% dos americanos.
“O contactless veio para ficar, em suas diferentes maneiras, e a fatia de consumidores que adota pagamentos com menos contato só deve aumentar ano a ano. Percebemos que o Brasil ainda é um dos países mais preocupados com a segurança em relação aos métodos digitais de pagamento, mas também são os mais adeptos a usar. Por isso, é fundamental que os comerciantes estejam atentos aos avanços das tecnologias para tornar as experiências digitais dos consumidores cada vez mais invisíveis e seguras”, ressalta D´Antiochia.
Novas tecnologias e formas de pagamento – O uso de tecnologias de pagamento avançadas – como biometria, criptomoedas, pagamento integrado ao carro e em experiências de realidade virtual e aumentada, checkout free e via comando de um dispositivo inteligente– ainda é pouco utilizado no mundo, mas as perspectivas de crescimento são positivas, uma vez que os consumidores estão abertos à adoção de diversos tipos de meios de pagamento, principalmente as gerações Z e Y/Millennials. Atualmente, menos de 10% nos cinco países analisados utilizam tecnologias mais avançadas, como checkout free, mas quase metade está interessada (47%). Já em relação a implantes de microchips, a maioria não demonstra interesse (71%) e metade não está interessada em moeda criptográfica e integração de realidade virtual e aumentada (52% e 48%, respectivamente).
Quando se trata da comparação entre os países, os consumidores de Singapura e do Brasil aparecem como os mais receptivos às novas tecnologias para pagamentos, com mais de 40% dos respondentes se dizendo adeptos às tecnologias mais avançadas. No Brasil, o maior interesse é pelo pagamento integrado ao carro, com 53% dos entrevistados, enquanto em Singapura o checkout-free aparece como o método mais atrativo para 64% das pessoas. Já países como Estados Unidos e Reino Unido ainda demonstram pouco interesse em tecnologias mais avançadas, já que apenas 20% a 30% dos entrevistados manifestaram disposição em utilizar novos meios.
“Percebemos que em todos os países analisados o uso atual de tecnologias avançadas ainda é baixo. Por exemplo, apenas 18% dos entrevistados já utilizam biometria. Mas outros 40% também se dizem interessados. Isso mostra o quanto os consumidores estão abertos à adoção de diferentes tipos de pagamento. Ainda temos obstáculos a serem enfrentados, como o receio em relação à privacidade e segurança, para uma maior consolidação das novas tecnologias, mas se há interesse, a chance disso de fato se tornar realidade em pouco tempo é enorme. E o comerciante que não investir nos novos métodos corre o risco de ficar para trás”, avalia o executivo.
Os brasileiros, de todas as gerações, gostam de manter-se atualizados quanto aos novos métodos e canais para efetuarem seus pagamentos, com 51% dos entrevistados, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, apenas 33% se dizem interessados em se atualizar sobre as novidades nos métodos de pagamentos. “O consumidor brasileiro se adapta e adere rapidamente aos novos canais de pagamento digital, até mais do que em Singapura, por exemplo, é vista como tecnológica, mas 42% afirmam querer se atualizar sobre os novos meios de pagamento”, concluiu.