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Brasil já é um porto seguro



Autor: Roberto Gonzalez

 

Com a conquista de dois dos principais graus de investimento, concedidos pelas agências de rating Standards & Poor’s e Fitch, a euforia tomou conta do nosso mercado. Não é para menos. Há mais de dez anos que o Brasil se prepara para esse momento. Mas logo após o mundo entrou em uma crise que em alguns países já é recessão declarada.

 

Muitos investidores internacionais só podem investir em países com grau de investimento e a maioria destes somente com grau de investimento reconhecido por, pelo menos, duas agências de rating. Ou seja, o Brasil já é um “porto seguro”, o que contribuiu para passar por um cenário de crise.

 

O País tem hoje a democracia mais sólida da América Latina; as regras comerciais são respeitadas; o arcabouço legal mostra sinais de avanços e a estrutura reguladora apresenta critérios claros e técnicos. Isso significa que, do ponto de vista da estrutura institucional, avançamos bastante. Em relação à infra-estrutura, o Brasil tem muito que fazer: melhorar a geração de energia; ampliar a malha ferroviária e hidroviária; reestruturar o transporte público; realizar as reformas trabalhista, judiciária e previdenciária.

 

E o capital estrangeiro é muito bem-vindo para ficar e desenvolver socioeconomicamente o Brasil. Atualmente, muitos investidores internacionais observam o Brasil e avaliam detidamente as oportunidades, pois com a crise é necessário ser mais criterioso na alocação dos recursos e o País vem sendo elogiado pela sua postura e regulação que contribui para provavelmente ter menos impactos da crise internacional.

 

E a sustentabilidade? O discurso da primeira ministra da Alemanha, Angela Merkel, em visita ao Brasil, em maio de 2008, demonstrou a relevância de levar em consideração as questões socioambientais em conjunto com as econômico-financeiras. Ela foi categórica quando abordou que não tem como existir um produto competitivo financeiramente à custa de danos ambientais e humanos, pois, em um determinado momento todos vamos pagar a conta. Ou seja, a ministra alemã deu a entender que isso é como “empurrar com a barriga”, inclusive no ato que a declaração da recessão no país foi afirmado que não se pode abrir mão dos princípios.

 

É importante que as empresas se posicionem de maneira transparente e de forma pragmática sua pró-atividade em relação ao desenvolvimento sustentável, para que esses recursos venham para o Brasil, principalmente no pós-crise.

 

Temos todo o direito de desenvolver a nossa economia, mas não façamos como os europeus, que destruíram praticamente todas suas florestas e hoje não sabem o que fazer. Vamos buscar um equilíbrio e aproveitar a biodiversidade em prol do crescimento socioeconômico sustentável. A luta pelos royaties da biodiversidade deveria ser uma bandeira não só do Estado nacional, como também das companhias brasileiras. Essa reflexão é importante, pois em tempos de crise é comum agir de forma não racional.

 

As práticas atreladas à sustentabilidade de empresas no Brasil e o envolvimento internacional destas e de entidades, como Instituto Ethos, Ibase, Bovespa, Apimec, IBGC, entre outras, contribuiu para o fortalecimento de uma nova percepção sobre o País. Os governantes, independentes das bandeiras partidárias, poderiam aprender, e muito, com a iniciativa privada quando se fala de sustentabilidade. O momento é muito oportuno para realizarmos um Pacto pela Sustentabilidade, onde todos os agentes da sociedade participariam fazendo sua parte e compartilhando conhecimento.

 

O momento é ainda mais oportuno para as empresas estruturarem suas gestões, baseadas no retorno ao acionista com sustentabilidade.

 

Roberto Gonzalez é professor de Governança Corporativa na Trevisan Escola de Negócios. ([email protected])

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