Estudo da NielsenIQ mostra que, devido às condições econômicas adversas, um em cada três consumidores utilizou a ferramenta para fazer suas compras nos últimos meses
As famílias que utilizam cartão de supermercados ou atacados, os chamados private label, gastam 20% mais do que os que usam outra forma de pagamento. O dado foi revelado por estudo pela NielsenIQ em parceria com a DM, empresa de serviços financeiros. “O cenário marcado por um ambiente econômico desafiador – como a taxa de desemprego ainda em patamares elevados, com muitos brasileiros no trabalho informal e tendo seu poder de compra corroído pela inflação — fez com que a busca pelo crédito se tornasse uma importante alternativa para o consumidor manter seu padrão de compra. Assim, a utilização dos cartões de loja se intensificou nos últimos meses”, analisou Bruno Achkar, gerente de negócios da NielsenIQ.
O estudo indica que 38,7% dos consumidores costumam parcelar as compras no cartão de loja, o que gera fidelidade e impulsiona a recorrência de gastos nos lares. Aqueles que utilizam cartão de supermercado concentram 30,4% dos seus gastos em lojas desse segmento, contra 28,6% dos que não usam. E o meio atacadista se destaca ainda mais: quem usa cartão concentra 70,7% dos gastos em atacados, contra 49,4% de quem não usa.
O cartão próprio também incentiva que o consumidor vá mais vezes ao supermercado, com ticket médio maior. Usuários que não utilizam private label tendem a ir cerca de 27 vezes ao supermercado em um ano, enquanto os que utilizam vão 31 vezes, com ticket médio 9,7% maior. “É muito curioso porque geralmente o consumidor equilibra as duas variáveis; ou vai mais ao mercado e gasta menos, ou vai menos e gasta mais. Mas nesse caso, o uso do private label leva o consumidor a ir mais vezes e gastar mais também”, afirmou o executivo, lembrando que o levantamento representa o comportamento de cerca de 4 milhões de lares no Sudeste e Sul do país.
Alimentos frescos
A pesquisa destacou também que os perecíveis frescos, ligados a setores como hortifruti, açougue, padaria e peixaria, são os itens que ganham a preferência ao serem pagos com o cartão de crédito. Na avaliação de Bruno, “são produtos que têm menor validade e por isso, precisam ser repostos com mais frequência — a ‘mistura’ das refeições, por exemplo, é algo que dificilmente as pessoas compram em grande quantidade para durar o mês inteiro. Isso leva os consumidores a irem ao supermercado com maior frequência e o cartão da loja é uma importante alternativa para pagar as contas, principalmente em períodos nos quais o salário já foi gasto”.
Já para Cirlene Gonçalves, gerente de marketing da rede Spani, o cartão private label se tornou necessário para a fidelização, aumento do ticket médio e personalização do atendimento. “Sem contar que conseguimos atrair novos clientes oferecendo maior poder de compra e melhores ofertas. Por enquanto, tivemos um aumento no ticket médio em torno de 50%, e as vendas em cartão próprio representam 10% do total. Agora nosso desafio está em aumentar a base ativa de clientes”.
Enquanto Fábio Souza, gerente de operações do Ultrabox, destaca vantagens como descontos exclusivos para pagar no varejo com preço de atacado. “Escolhemos uma loja piloto para a implementação. Após treinar toda a frente de caixa, promotores e fiscais, foi dado início às operações e em 10 dias a aceitação foi tanta que 1 mês depois viramos o sistema para todas as lojas. Tem compras que chegam a 8% de economia se o pagamento for com o nosso cartão”.
Market share e concorrência
Quando analisada a posição da DM perante a alguns concorrentes, a pesquisa da NielsenIQ aponta que os cartões da marca estão crescendo mais do que outros players. “Enquanto a concorrência atinge um aumento médio de 13,9%, as vendas em cartões DM sobem 17,2% na comparação 2022 versus 2021”, explica Bruno. Além disso, usuários de cartões DM apresentam frequência de compra 83% maior se comparados a não utilitários, com ticket médio 32% superior nas bandeiras em comparação com um shopper comum.
O estudo da NielsenIQ sobre as bandeiras DM enfatizou ainda significativos ganhos para os próprios varejistas. Nos supermercados, as bandeiras DM respondem por 42,6% do crescimento das vendas. De acordo com Denis Correia, CEO da DM, esses dados mostram a força da marca perante o mercado. “Há 20 anos a DM atua no setor de private label dando crédito a quem muitas vezes não consegue. Dessa forma, construímos um relacionamento de longo prazo e temos ajudado a incluir milhões de pessoas no mercado de consumo”.