A pesquisa CIO Global 2016-2017, realizada pela Deloitte em 48 países, incluindo o Brasil, revelou uma mudança nas prioridades de desenvolvimento de negócios das áreas de TI, do item “desempenho do negócio” para “foco nos clientes”. Entre os CIOs que participaram, 57% apontaram a clientela como principal elemento de atenção de sua gestão, 12 pontos percentuais acima dos 45% indicados na pesquisa anterior (2015-2016). No estudo passado, a prioridade apontada pelos entrevistados era o crescimento da empresa, com 49% de citações. No atual estudo, este item teve o percentual reduzido para 44%.
Apesar do resultado, somente 45% dos líderes de tecnologia disseram que sua área está envolvida na entrega de competências capacidades de TI à experiência do cliente. Além disso, 28% dos entrevistados consideram que as empresas em que trabalham estão abaixo da média no conjunto de suas competências digitais.
O estudo revelou ainda que, para 57% dos CIOs, suas empresas têm a expectativa de que eles ajudem na inovação dos negócios e no desenvolvimento de novos produtos e serviços. Porém mais da metade dos entrevistados (52%) afirma que o desenvolvimento da inovação e de soluções disruptivas simplesmente não existe ou não vem sendo aplicado em suas organizações.
CENÁRIO DIFERENTE NO BRASIL
Enquanto que 57% dos CIOs participantes da pesquisa global apontaram o cliente como principal foco do direcionamento de seu trabalho, este item aparece apenas na terceira posição entre as prioridades dos líderes de tecnologia brasileiros. Os entrevistados do Brasil estão mais preocupados com a gestão de custos, já que este foi o item a ser priorizado mais citado por eles, com 60% das referências, seguido por crescimento (55%) e clientes (51%).
A construção de novas plataformas é uma das bases para a otimização dos custos. No entanto, somente 11% dos respondentes do Brasil mantêm foco nesta capacidade. Já a maioria dos CIOs da amostra global entende que a criação de novas plataformas como forma de diminuição de custos e interação com o cliente é prioridade absoluta, para 59% dos respondentes. Embora o conjunto de ações esteja alinhado com a tendência global, o foco e a intensidade devem ser revistos nas organizações brasileiras. Adicionalmente, assim como no resultado geral, o Brasil entende que o alinhamento estratégico entre as ações de TI e os negócios (79% dos respondentes brasileiros) é essencial para o sucesso da organização. Esta é uma grande oportunidade para que os CIOs colaborem com a estratégia organizacional e direcionem o caminho da tecnologia em suas organizações.
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
Assim como os CIOs da amostra global, os líderes do Brasil tendem a relacionar a era digital a tecnologias de interface com os clientes e ferramentas “front-end”. “Esses recursos são importantes, mas são apenas parte da grande transformação que a era digital pode trazer. O conceito de transformação digital é específico para cada indústria e segmento, e tem que ser conhecido pelos CIOs de maneira mais ampla, uma vez que impacta todas as pontas do negócio da organização”, explica Fábio Pereira, diretor de Technology Strategy & Architecture, da Deloitte Brasil. Apesar da intenção das empresas brasileiras de evoluir para a era digital, mais da metade dos respondentes entende como baixo o investimento nesta frente e não encontram as devidas habilidades disponíveis nos integrantes de suas equipes. Essa também é uma tendência indicada pela amostra global.
Ainda assim, o Brasil apresenta grande potencial para estimular de maneira mais efetiva a transformação digital nas organizações. O interesse dos CIOs brasileiros por novas tecnologias, como digital,analytics e cloud computing é crescente, sendo estes três considerados os segmentos de maior impacto para o negócio nos próximos dois anos, bem como os que receberão mais investimentos no mesmo período. “Esse resultado indica que o líder de tecnologia do Brasil está se preparando para o impacto que a nova onda digital irá trazer para as organizações, e tem procurado compreender cada vez mais o atual momento digital de negócio e o papel central que sua posição exige”, conclui Fábio Pereira.