Autor: Marcos Nahmias
O número de casais homossexuais coabitando o mesmo domicílio no estado do Rio de Janeiro alcançou 0,32% do total de cônjuges declarados, o que representa o dobro do percentual médio nacional e o maior dentre todos os estados, segundo o Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. A capital deste estado já detém reputação consolidada como cidade amiga dos gays.
Em 2009, durante a 10ª Conferência Internacional de Turismo LGBT na cidade norte-americana de Boston, a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como o melhor Destino Gay do Mundo, a partir de pesquisa realizada com mais de 100 mil norte-americanos. Nos dois anos seguintes, a cidade conquistou a denominação de destino gay mais sexy do mundo, em eleição realizada pelo site norte-americano especializado em turismo gay TripOutGayTravel.com, em parceria com a MTV americana. Não espanta, portanto, que, já ao início de 2009, o site da Riotur tenha passado a oferecer seção especial voltada para o público deste segmento, com informações de bares, restaurantes, hotéis e todos os locais da cidade considerados amigos dos gays.
No entanto, poucas pesquisas são feitas no Brasil para traçar o perfil do público homossexual, tanto masculino como feminino, seja pelo ângulo de sua composição, seja por suas preferências. Qual o perfil desse público consumidor na cidade maravilhosa? Será esse um mercado em ascensão? Para responder a estas perguntas, conjuntamente com a professora de Marketing Irene Raguenet Troccoli, do Mestrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial da Universidade Estácio de Sá, realizei uma pesquisa na cidade fluminense no biênio 2012/1013, vinculada à Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro, Faperj, avaliando o perfil do público gay masculino na Zona Sul da cidade.
Os resultados preliminares mais importantes indicam que, no caso do homem gay habitante da zona sul da cidade do Rio de Janeiro tem entre 26 e 35 anos de idade, tipicamente se trata de profissional liberal atuante no setor de serviços, com escolaridade que alcança pelo menos o terceiro grau e não raro chega à pós-graduação. Sua renda média mensal oscila entre R$ 2 mil e R$ 4 mil. De uma forma geral, ele não costuma morar sozinho, compartilhando as despesas de sua moradia com amigos, sendo que a renda total no domicílio lhe permite fazer as despesas mensais com alguma facilidade. Sua alimentação se dá em quantidade sempre suficiente para suprir suas necessidades e ele costuma ter acesso aos alimentos preferidos, só não o fazendo por outras razões que não a renda e a disponibilidade desses alimentos no mercado.
Além disso, o público gay masculino, ao se alimentar fora de casa, normalmente prefere os restaurantes de refeições a peso, assim como costuma gastar com o consumo de cerveja também fora do ambiente doméstico. Ele é usuário frequente dos serviços de taxi, também faz uso do automóvel particular, sendo relevantes seus gastos com estacionamento rotativo e com o aluguel de vagas cativas. Sua diversão favorita são boates, danceterias e discotecas. É consumidor de vitaminas e de produtos para cuidados bucais e dentais, assim como de preservativos e de lubrificantes íntimos.
Por fim, os cuidados pessoais em que mais despende é o corte de cabelo, e costuma gastar com viagens de avião mais do que com qualquer outro meio de transporte. Gosta de adquirir óculos escuros e é precavido quanto à sua saúde, possuindo plano de saúde particular e costuma pagar encargos financeiros de cartão de crédito.
Essa pesquisa pode ser uma fonte de informação preciosa, que dá várias indicações importantes para aqueles que desejem melhor conhecer os hábitos de consumo dos homens gays residentes na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, cada vez mais em ascensão.
Marcos Nahmias é jornalista e professor universitário, mestre em administração de empresa.