Clientes da terceira idade

O cliente brasileiro da terceira idade tem aumentado o seu potencial de consumo e a disposição para gastar mais, conforme aponta pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal de educação financeira ´Meu Bolso Feliz´, com pessoas acima de 60 anos nas 27 capitais. De acordo com o levantamento, os idosos têm mudado suas prioridades de consumo com o passar do tempo, hoje 41% deles afirmam gastar mais com produtos que desejam do que com itens relacionados às necessidades básicas da casa.
Além disso, este pode ser um público promissor, uma vez que a população idosa deve ultrapassar a marca de 30 milhões de indivíduos em 2025, segundo dados do IBGE. Porém, o mercado brasileiro parece não estar plenamente preparado para atender às demandas desses consumidores, pois, ao menos, 45% dos entrevistados afirmaram enfrentar dificuldades para encontrar produtos destinados ao público de sua idade. Essa impressão é mais notada, pelas mulheres (47%) e pelas pessoas entre 70 e 75 anos (51%). Entre os produtos que esses consumidores mais sentem falta estão roupas (20%), celulares com letras e tecladas maiores (12%), locais que sejam frequentados por pessoas da mesma idade (9%), turismo exclusivo (7%) e produtos de beleza (3%).
“Os consumidores da terceira idade constituem, um importante mercado a ser explorado pelos setores do comércio e de serviços. A pesquisa indica que há uma demanda significativa no setor de moda e vestuário para a terceira idade. Essa parcela da população sente falta de peças não estereotipadas e que não os façam se sentir inadequados para a idade que têm”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Outro desafio para as empresas, mas que pode representar uma oportunidade de expansão dos negócios é o comércio eletrônico. Pelo menos, 7% dos entrevistados da terceira idade já adquiriram o costume de comprar pela internet. Dessa parcela, 26% possuem curso superior e 17% pertencem a classes A e B. 
Ao mesmo tempo, eles têm demonstrado um perfil mais exigente em relação aos produtos que estão adquirindo. Exemplo disso é que mais da metade (52%) da amostra alega dar mais valor à qualidade dos produtos, mesmo que seja preciso pagar mais caro por isso. Outra constatação é que quase um quarto (23%) dos idosos incorporou a experiência de ir às compras como uma atividade de lazer do seu dia a dia. Seis em cada dez (66%) entrevistados da terceira idade disseram que a vida financeira que levam atualmente é melhor do que há alguns anos. Além disso, 72% da amostra considera sua situação financeira estável ou boa. Em relação à fonte de renda, sete em cada dez (73%) entrevistados recebem auxilio da aposentadoria do INSS ou o pagamento de pensão, 14% se dedicam ao trabalho informal ou freelancer, 9% são trabalhadores com carteira assinada, 7% contam com os rendimentos da previdência privada, 5% recebem ajuda dos filhos e somente 4% não possuem qualquer renda.
Sete em cada dez (74%) entrevistados conseguem satisfazer suas necessidades com os rendimentos que possuem (mesmo que para 37% o salário represente o valor exato para pagar as contas) e pelo menos 94% da população acima dos 60 anos contribuem para o sustento da casa, sendo que 54% são os únicos responsáveis pelo pagamento das despesas. Mais independentes e com a expectativa de vida melhor do que há algumas décadas, a maior parte dos brasileiros (64%) chega à terceira idade como a único responsável por suas decisões de compras. É uma parcela considerável, que aumenta para 68% entre as mulheres entrevistas.
“Mesmo considerando as responsabilidades assumidas com o orçamento familiar, eles encontram meios de cumprir suas expectativas de consumo. Com o aumento da expectativa de vida, e a melhora na qualidade de vida dos idosos, o comportamento independente em relação às decisões de consumo será cada vez mais frequente neste grupo”, comenta a economista.

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