O desempenho do comércio na Região Metropolitana de São Paulo foi mais favorável que o estimado para o PIB brasileiro (Produto Interno Bruto) no primeiro semestre, segundo a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), apurada pela Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo). No resultado do ano acumulado até junho, o faturamento real do setor apresentou crescimento de 7,5%, em relação ao mesmo período de 2004. Enquanto nos mesmos meses do ano passado, a alta havia sido de 6,34%, diante da comparação com 2003.
A expectativa da Fecomercio, contudo, é de forte redução desse índice de crescimento ao longo do segundo semestre, com vistas a um resultado final próximo de 3,5% em dezembro de 2005, num cenário que considera os efeitos da política econômica apresentados até aqui – em especial, no que se refere ao juro.
“Mesmo no primeiro semestre, de modo geral, o resultado do setor refletiu a forma como foi conduzida a política econômica”, avalia o presidente da Fecomercio, Abram Szajman. “Apesar das elevadas taxas de juros, a expansão do crédito – principalmente consignado – levou a um crescimento das vendas de bens de consumo duráveis, que comandaram a evolução do comércio no semestre”, completa.
Daí explica-se o crescimento, bem acima da média geral do comércio, em setores como o de concessionárias (36,43%) e autopeças (41,88%) nos primeiros seis meses do ano. E o principal fator que motivou esse cenário foi a oferta de crédito sem precedentes destinada a essa modalidade de financiamento. Esse cenário se refletiu da mesma forma no desempenho geral do comércio no mês de junho – com alta de 8,39% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Neste sentido, a Fecomercio destaca que as decisões de compra do consumidor mostraram-se mais influenciadas pela disponibilidade de crédito (e de prazo), do que propriamente pelo patamar das taxas cobradas de quem toma dinheiro. Tanto que, como o nível de renda da população não confirmou a tendência de recuperação observada no início do ano, o segmento do comércio mais dependente dessa renda – o de bens de consumo não-duráveis – continuou com resultados desfavoráveis no primeiro semestre de 2005, vide a queda de 7% acumulada pelo segmento de supermercados no período.
Em relação ao cenário econômico do Brasil, em geral, a Fecomercio estima alta de 0,9% para o PIB no primeiro semestre – uma retração, depois de o País ter registrado um saudável crescimento de 4,9% ao longo de 2004. E este é um dos motivos que levam a entidade a acreditar que a evolução do desempenho do comércio também terá seu ritmo bastante reduzido no decorrer dos próximos meses.