Autor: Maurício Conti
– Utilizar a força do crowdsourcing.
Profissionais brilhantes estão disponíveis para projetos inovadores. Se, para executar um projeto, você precisa de um profissional super especializado, ele está muito mais disponível hoje em dia. Com o avanço da importância da inovação e dos processos criativos, cada vez mais profissionais de ponta estão deixando as empresas e se dedicando a projetos específicos e essa realidade cria um ciclo virtuoso para a inovação que as startups, por exemplo, estão aproveitando muito bem e que também está disponível para as grandes empresas.
– Pensar no mundo, não só no Brasil.
Hoje não há limites geográficos, nem para o produto nem para a contratação de profissionais. O que existem são os limites de distribuição, mas como cada vez mais as marcas precisaram entregar valor intengível, menores serão essas barreiras de distribuição. Só que, para isso, grandes empresas precisarão mudar o mindset, pois barreiras que antes as protegiam estão simplesmente ruindo.
– A vida é beta.
Isso não significa que se pode levar ao mercado produtos pela metade ou mal acabados. Significa que a evolução de um projeto não precisa mais esperar os ciclos de produção. O potencial das impressoras 3D, dos dispositivos de hardware como o Arduino, estão ai para provar a tese. Com equipamentos de uso geral os investimentos de produção, principalmente em pequena escala caem violentamente o ciclo de retorno torna-se extremamente rápido, numa escala inimaginável há 20 anos.
– Ideias pré concebidas matam ideias novas.
Grande parte do raciocínio de inovação, nas empresas, está baseada em um raciocínio evolutivo. É o que se costuma chamar de inovação incremental. Essa premissa, que nasce da necessidade das empresas de preservar suas posições de mercado e rentabilizar investimentos anteriores mata a possibilidade de criação de inovação disruptiva, que efetivamente cria novos espaços de mercado. As empresas precisam criar espaços onde as pessoas possam não saber como as “coisas funcionam”. Só assim elas conseguirão realmente criar coisas novas.
– Planeje o mínimo necessário, não o máximo possível.
Executivos devem ser imunes a erros. A primeira lição que se aprende, no primeiro estágio, mercado corporativo é que tudo deve ser feito para minimizar o erro e, quando ele é inevitável, temos que ter garantias de que nossas justificativas serão convincentes. A consequência deste raciocínio? As empresas gastam muito tempo e dinheiro com planejamentos infinitos que tentam, muitas vezes mais justificar possíveis erros do que realmente minimizá-los. Criam uma projeção de realidade futura a partir de um retrato de um passado antigo. Planejamento é fundamental, mas deve ser o mínimo necessário para que se tenham boas pistas para serem validadas por quem realmente decide as coisas: o cliente.
– Um feedback sincero vale mais do que 1000 horas de planejamento.
O medo de errar também tem outra consequência que inibe que a marca tenha posturas mais inovadoras e que, assim, possa se reinventar. Trata-se do medo do feedback do cliente. Um feedback ruim, mesmo em fases de pré-lançamento é entendido, na maioria das vezes, como um sinal de que os investimentos no projeto devem ser cessados, não apenas de que algo precisa ser mudado. Como projetos longos, muitas vezes, se colam nas carreiras dos executivos dentro da empresa, um feedback desfavorável significa um fracasso pessoal. O sucesso recente das startups mostra que o ideal é exatamente o contrário. Encarar as primeiras ideias como experimentos. Levá-las e validá-las com o cliente o quanto antes sabendo que a ideia original vai mudar e que cada mudança significa tornar o projeto mais próximo de algo que as pessoas reais querem comprar.
– Utilize metodologias e processos ágeis.
Neste tempo de conexões instantâneas e de explosão de ofertas e novos players em praticamente todos os mercados, é fundamental entender que o consumidor não espera o ciclo de planejamento das empresas. Como a fidelidade às marcas é cada vez mais baixa, a reação rápida tende a ter cada vez mais força. E metodologias ágeis foram criadas sobre este paradigma: entregar antes e reagir rapidamente às mudanças exigidas pelos consumidores.
– Mais Bohr e menos Kotler.
O físico Neil Bohr, um dos pais da mecânica quântica, diz em uma de suas célebres frases “predição é muito difícil, especialmente se for sobre o futuro”. Vivemos em mercados cada vez mais instáveis onde acertar os cenários futuros é cada vez mais incerto e as possibilidades de cenários imagináveis são infinitas. Avaliar, com acurácia razoável, cada um deles acaba é praticamente inviável e ainda não descarta a possibilidade de que se estabeleça uma realidade impensada. Validar hipóteses, ao invés de criar múltiplos cenários, está se tornando a melhor opção de uso do grande volume de inteligência que as empresas conseguem gerar hoje em dia.
Maurício Conti é co-fundador e CEO da Burst.