Confiança do consumidor global está afetada

A Nielsen divulgou seu último estudo de Confiança do Consumidor, que mede a percepção de perspectivas de empregos locais, finanças pessoais e intenções imediatas de gastos. Na América Latina, o índice de Confiança se manteve em uma média de 83 pontos durante 2015. Apresentando uma ampla diferença de 14 pontos abaixo do índice global (97). Apesar de permanecer relativamente estável, o índice na região mudou drasticamente em alguns países. O Brasil chama a atenção, pois começou o ano com 88 pontos e terminou em 76, o Chile era regular, mas na segunda metade do ano caiu oito pontos. Enquanto no México, que vinha sem muitas variações, subiu três pontos (89). 
 
Um caso muito particular é a Argentina, que mostra o maior aumento na confiança nos últimos tempos, começando o ano com 75 pontos e terminando o quarto trimestre com 88 pontos. “O consumidor latino-americano vem mudando seus hábitos de consumo (menos entretenimento, compra de roupa, redução de consumo de gás e energia) para comprar marcas mais em conta, economizar e pagar suas dívidas. A preocupação com a economia cria um ambiente de gasto mais conservador por parte do consumidor, que inclusive pensa em manter algumas destes hábitos mesmo se as condições melhorarem”, diz Luis Arjona, líder da Nielsen para Chile e Brasil. 
A maioria dos entrevistados acredita que suas finanças pessoais serão melhores nos próximos 12 meses (45% bom, 8% excelente). Essa percepção se manteve estável regionalmente durante o ano de 2015. No entanto, 46% acredita que é hora de comprar o que precisa ou quer. Os mais pessimistas neste aspecto são os chilenos (54%) e mexicanos (49%). Quanto ao uso de dinheiro excedente depois de cobrir despesas básicas, destacam-se as seguintes atividades na região: pagar dívidas (35%), entretenimento fora de casa (30%) e economia (30). 
A principal preocupação dos latinos continua a ser a economia, seguido de emprego e insegurança. O aumento de preços em alimentos e saúde são as segundas mais importantes preocupações. Dos entrevistados, 83% acreditam que estão diante de uma recessão econômica. Sobre a possibilidade de sair da recessão, 50% creem que isso não ocorrerá próximos 12 meses. Brasil e México são os mais pessimistas sobre o assunto, enquanto os argentinos (31%) e peruanos (30%) são os mais otimistas. 
E qual é a situação do Brasil?
Como já mencionado, a confiança dos brasileiros, quando comparada com o terceiro trimestre, novamente teve uma baixa de três pontos, caindo para 76. Foi a pontuação mais baixa de 2015, uma vez que no começo do ano tinha 88, e de todos os outros anos que a Nielsen realiza essa medição. No País, 93% dos entrevistados disseram que estão vivendo em um período de recessão, enquanto esse número no primeiro trimestre era de 85%. Para os próximos 12 meses, apenas 13% dos brasileiros dizem que o país não estará vivendo em uma recessão, contra 62% que diz que sim e 24% que não sabem. Em relação às perspectivas de emprego em um futuro próximo, 40% acredita que estarão ruins, 41% não tão boas, 13% boas e 4% excelentes. Depois de cobrir os gastos essenciais, as principais prioridades dos brasileiros na hora de utilizar o dinheiro excedente são quitar as dívidas, o cartão de crédito e os empréstimos, entretenimento fora do lar e roupas novas, respectivamente nessa ordem. 
 
E quais são as questões que mais tiram o sono dos brasileiros? A economia, o aumento nas contas de serviços públicos (ex.: eletricidade, gás) e a saúde lideram o ranking no quarto trimestre de 2015. Equilíbrio entre trabalho e vida, assim como crime, também aparecem logo depois como grandes preocupações dos entrevistados. Por outro lado, o brasileiro buscou alternativas para manter todos os itens em seu carrinho, como reduzir gastos fora do lar, frequentar canais de compra com melhor custo benefício, diminuir idas ao ponto de venda, optar por embalagens econômicas e até trocar de marcas. “Entretanto, hoje ele chega ao final dessa escada de consumo, optando por reduzir o volume de compras, ou seja, cortar itens de sua lista”, menciona Paula Valadão, analista de mercado da Nielsen. 
 
Em meio a um cenário instável e de desconfiança, a classe C foi a mais cautelosa em 2015, segurando seus gastos e se endividando menos. Em contrapartida, as classes AB e DE estão sentindo mais os efeitos do momento econômico do país e se endividando mais. Para sanar suas dívidas e economizar, a classe C corta gastos no Autosserviço, bem como famílias de donas de casa jovens e lares onde há crianças, e migra cada vez mais para o canal Cash&Carry, mais conhecido como Atacarejo. “O C&C ainda tem um perfil de classe alta, mas hoje notamos que o crescimento vem forte das classes baixas, uma vez que fazem compras de abastecimento nesse canal para economizar”, explica Paula.
 
Na hora de encher seus carrinhos, os consumidores estão cortando os alimentos supérfluos e optando pelos de necessidade básica para conseguir fechar as contas. Contudo, para sanar desejos pontuais, algumas vezes se presenteiam com um agrado, já que tiveram que optar por cortes mais drásticos nos últimos tempos. “A cesta de Higiene & Beleza reflete bem esse efeito, crescendo, ainda que pouco, via compras dos itens básicos e supérfluos”, finaliza a executiva.

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