O nível de confiança do consumidor brasileiro com a economia e com as próprias condições financeiras recuou de 41,5 pontos em maio para 39,4 pontos no último mês de junho, o que representa uma queda de 5%. Trata-se do patamar mais baixo do indicador desde janeiro deste ano, início da série histórica. Os dados são do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a combinação do risco de novas instabilidades políticas e a atividade econômica ainda fraca, mesmo com inflação em queda e juros menores, contribuíram para o resultado do último mês. “O processo de recuperação da confiança dos consumidores poderá ser lento e irregular, variando ao sabor do clima político”, analisa Pinheiro.
O Indicador de Confiança é composto pelo Subindicador de Expectativas, que passou de 53,9 para 51,1 pontos e pelo Subindicador de Condições Atuais, que registrou 27,8 pontos em junho ante 29,2 pontos em maio último. A escala dos indicadores varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, mais confiantes estão os consumidores.
ECONOMIA ESTÁ MAL
De acordo com o levantamento, 82% dos consumidores avaliam negativamente as condições atuais da economia brasileira. Para 17%, o desempenho é regular e para apenas 1% o cenário é positivo. Entre aqueles que avaliam o clima econômico como ruim, a principal explicação são os escândalos de corrupção e o mau uso dos recursos públicos, citados por mais da metade desses consumidores (51%). Em seguida, os entrevistados apontam sintomas da crise, como o desemprego (21%). Mesmo em queda, a inflação é causa principal da percepção negativa da economia para 15% dos consumidores.
Já quando se trata de responder sobre a própria vida financeira, o número de consumidores insatisfeitos é menor do que quando se avalia a economia do Brasil como um todo, mas ainda assim é elevado. De acordo com a sondagem, 45% dos brasileiros consideram a atual situação financeira como ruim ou péssimo. Outros 45% consideram regular e um percentual menor, de 9%, consideram o momento bom. Dentre os entrevistados que exercem alguma atividade remunerada, 39% consideram média ou alta a probabilidade de serem demitidos. Para 26%, o risco é baixo e 35% não temem ser dispensados pelos seus patrões.
O orçamento apertado e a dificuldade de pagar as contas são as principais razões para considerar a vida financeira ruim, apontadas por 31% desses consumidores. Os entrevistados mencionam também o desemprego (30%), as dívidas atrasadas (14%), a queda da renda familiar (11%) e a perda de controle financeiro (4%).
PESSIMISMO
A sondagem também procurou saber o que os brasileiros esperam do futuro da economia do Brasil e descobriu que 40% estão declaradamente pessimistas. Quando essa avaliação se restringe a vida financeira, no entanto, o volume de pessimistas cai para 14%. Os otimistas com a economia são apenas 16% da amostra, ao passo que para a vida financeira, o percentual sobe para 53% dos entrevistados.
Para justificar a percepção predominantemente pessimista com os próximos seis meses da economia, mais uma vez a questão da desconfiança com a representação política aparece:mais da metade desses entrevistados (53%) cita a corrupção, a incompetência dos governantes e a falta de punição dos políticos como a principal razão de seu desalento. Para 14%, a razão do pessimismo é o contínuo aumento do desemprego. Há ainda 10% que alegam que novos fatos na política podem trazer desequilíbrios na economia.
Entre a parcela minoritária que manifesta otimismo com a economia, praticamente a metade (50%) não sabe explicar as razões: apenas diz esperar que coisas boas devem acontecer. Além desses, 12% nutrem esperança de que a as pessoas voltem a consumir e 11% que os preços já não crescem de forma tão rápida como antes, causando um efeito positivo no bolso dos brasileiros.