Resultado pode estar associado à sensação de alívio da inflação no curto prazo, resiliência do mercado de trabalho e aumento do salário mínimo
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do FGV IBRE subiu 1,4 ponto em maio, para 88,2 pontos, o maior nível desde outubro de 2022 (88,6 pontos). Em médias móveis trimestrais, o índice sobe pelo segundo mês consecutivo, agora em 1,2 ponto, para 87,3 pontos. “Após acomodar no mês passado, a alta da confiança dos consumidores foi motivada pela melhora das expectativas para os próximos meses, desenho que aconteceu também de forma disseminada entre as faixas de renda, com exceção às famílias de maior poder aquisitivo cuja perspectivas futuras pioraram”, analisou Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE.
Na avaliação da especialista, o resultado pode estar associado à sensação de alívio da inflação no curto prazo, resiliência do mercado de trabalho e aumento do salário mínimo. “Em paralelo, porém, o cenário de alto endividamento das famílias, crédito caro e incertezas econômicas ajudam a manter o indicador em patamar baixo e sensível a flutuações constantes, tornando difícil uma sinalização mais clara de uma recuperação sustentada da confiança”.
Em maio, a alta do otimismo foi influenciada pela melhora das perspectivas para os próximos meses, com o Índice de Expectativas (IE) avançando 2,8 pontos, para 100,4 pontos, melhor resultado desde março de 2019 (101,1 pontos). O Índice de Situação Atual (ISA) recuou 0,8 ponto, para 71,3 pontos, após crescer mais de 2,0 pontos em março e estabilizar em abril.
Finanças familiares
Entre os quesitos que compõem o ICC, o indicador que mede as perspectivas sobre as finanças familiares nos próximos meses foi o que mais influenciou a melhora do índice com alta de 5,2 pontos, para 105,3 pontos, alcançando seu melhor resultado desde janeiro de 2019 (108,7 pontos). No mesmo sentido, o indicador que mede o grau de otimismo com a situação econômica geral avançou 3,7 pontos, para 116,1 pontos, após dois meses relativamente estável. Em relação à intenção de compras de bens duráveis, houve queda de 0,6 ponto, para 79,9 pontos.
O recuo do ISA-C foi influenciado pela queda de 2,1 pontos, para 61,5 pontos, do indicador que mede as avaliações sobre as finanças familiares do momento, enquanto que o indicador de satisfação sobre a situação econômica local do consumidor, subiu 0,6 ponto, para 81,7 pontos. Apesar da variação modesta, este último indicador registra quatro altas consecutivas, acumulando 3,4 pontos desde fevereiro deste ano e é o maior nível desde outubro de 2022 (83,1 pts.).
A confiança de três das quatro faixas de renda subiu em maio, motivadas principalmente pela melhora das expectativas para os próximos meses. Apenas os consumidores de maior poder aquisitivo (renda acima de R$ 9.600,01), apresentaram queda na confiança, com piora das perspectivas nos dois horizontes de tempo. Após o recuo de 7,9 pontos em abril, os consumidores com renda familiar abaixo de R$ 2.100,00 recuperam parte da confiança, influenciados principalmente pela melhora das perspectivas sobre as finanças familiares e da situação econômica local para os próximos meses, e avançam 6,1 pontos em maio. Apenas consumidores com renda familiar entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600,00 demonstraram melhora da avaliação sobre a situação atual.