Metade (50%) dos consumidores globais diz estar mais preocupada com o meio ambiente nos últimos seis meses, segundo um novo estudo da PwC. O Sudeste Asiático e o Oriente Médio lideram essa tendência. A Global Consumer Insights Pulse Survey investiga os hábitos e comportamentos de compra do consumidor e mostra como as pessoas se transformaram nos últimos seis meses em relação à consciência ecológica e à digitalização. Compradores de Indonésia (86%), Vietnã, Filipinas (74%) e Egito (68%) lideram essa mudança de comportamento em relação ao meio ambiente. Comprar localmente também se tornou um fator-chave para impulsionar a sustentabilidade: 52% dos consumidores globais dizem estar “agindo de forma deliberada para apoiar mais negócios locais e varejistas independentes”.
A pesquisa também revela que os trabalhadores em home office têm hábitos de compra que começam a se distanciar daqueles que trabalham principalmente fora de casa: 62% deles afirmam comprar de empresas ecologicamente conscientes e que apoiam a proteção do meio ambiente; 61% compram produtos com embalagens ecológicas ou menos embalagens; e 61% adquirem mais produtos biodegradáveis/ecológicos. Em comparação, 50% das pessoas que geralmente não trabalham em casa compram de empresas ecologicamente conscientes e que apoiam a proteção do meio ambiente; 55% preferem produtos com embalagens ecológicas ou menos embalagens; e 50% fazem mais aquisições de mais produtos biodegradáveis/ecológicos.
A pesquisa, feita com 8.681 consumidores em 22 regiões do planeta também destaca que nem todas as gerações mais jovens estão se tornando mais ecologicamente conscientes. Os millennials são os que se voltam mais fortemente para comportamentos ecológicos. Já a Geração Z demonstra mais aspirações do que ações, sendo superada pela Geração X em termos de consciência ecológica.
“A evolução de comportamentos de consumo mais digitais e ecológicos mostra como a pandemia está mudando a equação para as indústrias de consumo. Com os jovens mais otimistas quanto ao futuro, veremos a influência desses novos comportamentos e hábitos no nosso retorno ao trabalho”, diz Sabine Durand-Hayes, líder global de Mercados de Consumo da PwC.
Carlos Coutinho, o líder no Brasil do mesmo segmento, além de ressaltar esse aspecto voltado a preocupação com os temas ecológicos ressalta que por trás disso há também uma maior preocupação com o “propósito” das marcas, como essas marcas se comunicam com o consumidor e os tocam por meio de identificação de valores na relação consumidor x marca.
“A pesquisa revela que o consumidor brasileiro acompanha a tendência mundial em relação a questões ambientais, mas que existem outros aspectos importantes quando olhamos para os números locais, como a preferência por negócios de produtores locais, por exemplo, no Brasil 44% dos consumidores preferem comprar de produtores da sua região, enquanto o percentual global é de 43%”, completa Coutinho.
Consumidores mais digitais
Mais da metade (51%) dos consumidores se identificam como “digitais”, traço que reflete o crescimento das compras on-line. A pesquisa constatou que o celular e os smartphones são a plataforma preferida (39%) para compras on-line e mostrou também um aumento no percentual de consumidores que compram on-line diariamente. Esse aumento é substancial em mercados como Tailândia, Indonésia e Emirados Árabes Unidos (+10 p.p. desde março de 2021). Os consumidores consideram a entrega rápida e confiável (41%) e a disponibilidade (35%) como os fatores mais importantes nas compras on-line. Uma boa política de devolução (31%) vem em terceiro lugar na lista.
Coutinho enfatiza que “saber distinguir e entender quais são os momentos de geração de valor durante a experiência digital dos consumidores e utilizar esse conhecimento para criar vantagem competitiva para sua empresa, de forma ágil e simples, serão os principais diferenciais para aqueles que querem manter uma relação duradoura com seus clientes nessa nova jornada de compra.”
Os consumidores globais também estão mostrando sinais positivos de que querem voltar a viajar e comparecer a eventos esportivos ou de massa, mas as preocupações ainda persistem. Ao todo, 32% indicaram que estariam dispostos a ir a eventos esportivos ou de massa – 5 pontos percentuais acima dos 27% registrados em março de 2021.
Da mesma forma, estão mais dispostos a viajar em voos internacionais: o percentual subiu de 26%, em março de 2021, para 30% em junho. Em relação a outros tipos de viagens, houve um aumento acentuado no percentual de consumidores que indicam a probabilidade de se hospedar em um hotel nos próximos seis meses, passando de 36% em março para 43%. As pessoas também se sentem mais confortáveis em usar o transporte público – metade (50%) afirma que o fará nos próximos seis meses.
“As viagens e eventos de massa praticamente pararam com a pandemia. É encorajador que, com o avanço dos programas de vacinação no mundo, os consumidores globais estejam dando passos tímidos de volta à normalidade”, afirma Sabine. “Para as indústrias envolvidas, a melhora no sentimento do consumidor pode indicar uma luz no fim de um túnel longo e escuro. Mas a base de comparação ainda é baixa e há preocupações evidentes em uma grande parcela da população.”