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Criptomoedas: a disruptura no pagamento

Assim como a Uber, Airbnb e outros aplicativos que trouxeram não só o compartilhamento, mas também a ideia de uma auto-gestão, as criptomoedas foram chegando devagar e estão conquistando cada vez mais seu espaço. Já são muitos os players e investidores que têm se interessado por essa forma de pagamento que dispensa bancos, governos, operadoras de cartões, entre outros, e pode ser usada no mundo todo pelo mesmo valor. Só no Brasil, mesmo seu uso ainda sendo pequeno – representa 1% do mercado mundial -, elas já contam com mais investidores do que a bolsa de valores do País, principalmente o Bitcoin – criptomoeda mais utilizado atualmente. Isso vem despertando a atenção de empresas e clientes que começam a olhar para a moeda virtual também como forma de pagamento e não somente como investimento. “O número de clientes de clientes nossos já supera 1 milhão. Já temos algumas empresas grandes, como a Tecnisa, e um varejista de moda, a Reserva, aceitando Bitcoin como forma de pagamento”, comenta Gustavo Chamati, CEO do Mercado Bitcoin.
Apesar do Brasil ainda estar na primeira infância nesse assunto, Juliana Assad, sócia da CoinWise, observa um aumento substancial da procura nos últimos seis meses. Para ela, o Brasil é como um celeiro de tecnologias de pagamentos nos últimos 15 anos, com uma mudança brutal de adoção, de competitividade e de amadurecimento desse setor. Ela acrescenta que o cenário também é muito favorável para a cripto-economia, com a alta adoção de smartphones, boa penetração da Internet, grande população jovem ansiosa por novidades e tecnologia, as altas taxas cobradas pelos incumbentes do setor de pagamento e um mercado enorme.
Muito da força das criptomoedas se deve ao fato de que elas propõem algo completamente novo. Elas chegaram com o nome de paper concebendo uma forma de transferência segura de valores entre duas entidades, por meio de uma infraestrutura aberta, distribuída e que usa um software aberto (open source) pela internet. A partir de então, não pararam de crescer e, de certa forma, representam uma ruptura do sistema financeiro, já que é uma moeda global onde todos podem participar. Com isso, enquanto muitas empresas buscam disruptar seu relacionamento com os clientes, as criptomoedas pegaram a lição do crescimento da internet para traçar o seu caminho. “A população não bancarizada no mundo é estimada em cerca de 40%, acreditamos que o movimento da economia do digital no mundo passará rapidamente por fornecer alternativas para inclusão social e econômica desses indivíduos. E as criptomoedas estão, com certeza, no centro desta evolução, como uma alternativa financeira global, segura e não governamental, com a tendência de adoção ainda mais rápida do que o que vimos na Internet”, aponta Juliana.
Outro dado importante é que o Bitcoin, por exemplo, possibilita a realização de transações sem a necessidade de envolver um intermediador financeiro ou o Estado. “As criptomoedas vieram para repensar e reformular essa realidade de intermediários, tanto financeiros quanto em outros segmentos”, comenta Gustavo Chamati, CEO do Mercado Bitcoin. Segundo Douglas de Castro, advogado responsável pela área regulatória do escritório Cerqueira Leite Advogados Associados, “as criptomoedas, dentre elas o Bitcoin sendo a mais representativa, surgem a partir de 2008 como uma resposta da sociedade civil ao sistema financeiro em descrédito e incapaz de ser controlado pelos países, ou seja, altamente vulnerável à manipulação”. Tanto que ele vê, como a maior vantagem frente aos outros meios de pagamento, a descentralização da troca, já que as transações não passam pelos bancos e controles governamentais, o que traz uma privacidade financeira.
Já para o cliente, Guto Schiavon, COO da Foxbit, aponta que as principais vantagens são: pagamento pseudo-anônimo, sem fronteiras e impossível de fraudar. “Quando você paga com cartão, um estabelecimento malicioso pode copiar os dados do cartão (números, data de validade e CVV) e realizar compras sem a sua autorização. Já com Bitcoin, isso jamais aconteceria, pois você não precisa expor sua senha-chave privada ao estabelecimento. A desvantagem ainda é a volatilidade e a quantidade de estabelecimentos que utilizam”, pontua.
DESAFIOS
Claro que ainda existem desafios para empresas que desejam adotar essa forma de pagamento e um deles – se não o primordial – é a educação do consumidor sobre a existência desta possibilidade e como ela funciona. “Algumas empresas já estão realizando pesquisas e tentando criar novas tecnologias para sua utilização, como a Cielo, mas ainda não previsão de quando isto irá se concretizar e nem se esta forma de pagamento terá uma aceitação rápida por parte do público. A divulgação desta nova realidade caberá às empresas, que deverão insistir, fazer boas campanhas para explicar o sistema e o porquê de ele ser revolucionário”, explica Gustavo Torrente, professor de tecnologia da Fiap. Ele também acredita que a medida que a sociedade for se adaptando e aceitando essa nova realidade, a tendência é o crescimento no uso das criptomoedas, desde que não haja uma intervenção dos governos locais.
Nesse sentido, para Rodrigo Berutti, gerente de omnichannel e experiência de compra do usuário da Reserva, a própria movimentação dos varejistas nessa direção é que vai ajudar as criptomoedas – como o Bitcoin, aceito pela empresa – a saírem do âmbito da especulação. “Nosso objetivo foi dar o pontapé inicial de um movimento de democratização dessa nova forma de pagamento e estamos muito felizes de mais uma vez sermos precursores”, conta o executivo. Ele conta também que os desafios, de um modo geral, são tecnológicos e legais. Como, por exemplo, atender os clientes e criar mecanismos que já funcionam em métodos de pagamento tradicionais. Devolução, troca, estorno, tudo isso deve estar previsto para que a experiência não seja pior em relação aos outros métodos de pagamento. “Analisando especificamente a Reserva, o nosso grande desafio para iniciar esse movimento foi encontrar parceiros que pudessem transacionar um pedido e por consequência essa operação fosse tão transparente como qualquer outra forma de pagamento. Acreditamos que esse problema que passamos não ocorrerá em um futuro próximo, a medida em que a moeda cada vez mais se popularize. Nesse momento, acreditamos que o maior benefício é possibilitar ao nosso cliente mais uma forma de pagamento para usufruir os nossos produtos”, conclui.
Sobre isso, Emilia Campos, diretora jurídica da Associação Brasileira de Criptomoedas e Blockchain, ABCB, destaca que, em breve, outras moedas deverão surgir, além do Bitcoin, para facilitar a utilização como meio de pagamento, não apenas investimento. “Até porque, um dos benefícios é ter cada vez mais opções e possibilidades de pagamento sem que haja empresas intermediando esta relação”, explica. Inclusive, a recente criação da Associação vem com o objetivo de promover um melhor diálogo com o poder público, de forma que tanto o mercado quanto a sociedade se beneficiem do desenvolvimento tecnológico e inovação que as criptomoedas e o blockchain trazem.
Confira as matérias do especial:
Modelo promove uma verdadeira disruptura no sistema financeiro, estando fora dele
Reserva aposta em Bitcoin como forma de incentivar movimento de democratização da nova forma de pagamento
Diretora jurídica da ABCB vê criptomoedas como uma novidade digital democrática que traz facilidades
Muito além da inovação, criptomoedas propõem democratização do pagamento no mundo
Embora possam servir como meio de pagamento, criptomoedas ainda são mais utilizadas como ativo financeiro
Tendência é de crescimento no uso, desde que não haja intervenção dos governos locais
Mesmo com desafios a serem superados, expectativa é de que criptomoedas vieram para ficar
Leia mais sobre o assunto:
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