De onde vem a criatividade?



Autora: Denise Bragotto

 

A compreensão do valor da criatividade em todos os contextos aumenta cada vez mais. O dramaturgo francês Molière certa vez contou a história de um homem que perguntou o que era prosa e espantou-se ao descobrir que falara em prosa a vida inteira. Ocorre o mesmo com a criatividade. Muita gente ainda a considera um atributo misterioso e concedido a uns poucos indivíduos privilegiados, no entanto, todas as pessoas são capazes de acionar o seu potencial criativo.

 

É importante que as empresas compreendam que criatividade não é um dom pessoal, mas uma capacidade que pode e deve ser desenvolvida. Essa é a primeira barreira a ser ultrapassada, pois impede o acesso a milhares de novas idéias latentes em seus colaboradores. Ser inteligente não basta, é preciso conectar idéias de forma original para fazer a diferença no mercado. As empresas que compreendem isso já deram um passo à frente.

 

Por isso, é essencial ter uma cultura que estimule o desenvolvimento da criatividade. As empresas devem valorizar as tentativas e não se apegar somente aos resultados imediatos, porque criatividade implica em assumir riscos. Na verdade, ser criativo envolve várias dimensões: intuição, afetividade, inteligência e razão.

 

A história traz exemplos bizarros a respeito da inspiração. Isaac Newton produziu a lei da gravidade após observar uma maçã caindo em seu jardim; o poeta Hart Crane se inspirava ouvindo músicas; Mozart fazia ginástica; e Kant trabalhava na cama enrolado em lençóis de uma maneira inventada por ele mesmo. Se tomarmos a inspiração como um estímulo à atividade criadora, poderemos verificar a importância da observação. Nem sempre um bom observador é criativo, mas diria que o criativo é sempre um bom observador. Você pode enxergar o que todos vêem, mas interpretar de uma forma diferente usando a idéia que surge desse estímulo para a criação de algo novo. Outros elementos também são importantes no processo criativo como o uso do humor, a ousadia e a paixão.

 

O envolvimento com a tarefa é o combustível que alimenta as possibilidades que à primeira vista parecerem impossíveis. Se encararmos um fato como desafiador e não destruidor, tenderemos a reagir de forma positiva e criativa. A criatividade tende a aumentar também quanto temos consciência da nossa própria capacidade criativa e do quanto fazemos uso dela.

 

Há muitas maneiras de incentivar a criatividade, mas de forma prática, estimulamos a criatividade quando:

 

1) Estamos envolvidos em um projeto;

 

2) Damos liberdade de criação e encorajamos a expressão de idéias;

 

3) Aceitamos as diferenças de cada indivíduo;

 

4) Olhamos as questões sobre diferentes óticas;

 

5) Ouvimos sem julgamento prévio;

 

6) Incentivamos a expressão criativa, a ousadia;

 

7) Ensinamos a resolver problemas e a tomar decisões;

 

8) Somos um modelo positivo para nossos pares.

 

Denise Bragotto é consultora do IDORT/SP, doutora em psicologia da criatividade.

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