Trocar o certo pelo duvidoso nem sempre é uma tarefa fácil, seja aquele que irá decidir uma empresa ou uma pessoa qualquer. O certo traz segurança sobre aquilo que já se sabe fazer, não trás imprevistos e é já é possível ter conhecimento até onde ele pode levar e o que se conseguir com ele. Por outro lado, ele não oferece novidades. Para conseguir mudanças, alcançar um novo objetivo, ter outros resultados, às vezes, é preciso se arriscar. Ainda que seja feito com cuidado, apostar as fichas em uma ação desconhecida pode trazer vantagens que algo mais seguro não traria. Arriscar-se faz parte, inclusive, do processo de inovar. “A gente teima em fazer o que é 100% certo, garantido, mas, para fazer a inovação, para ela acontecer, é preciso se dar o direito de errar, de fazer algo e correr o risco, inclusive, de não acontecer”, explica João Gabriel Chebante, consultor de branding e marketing de empresas e especialista em construção de marcas.
Ao se permitir inovar, Chebante afirma que a empresa também está trazendo a possibilidade de se fazer diferente no mercado, que já está saturado e com marcas que oferecem serviços próximos. “Fazer diferente e melhor pode não só trazer destaque frente ao público alvo, mas também otimiza a operação do negócio”, adiciona. “Grandes empresas, quando inovam, testam no mercado e tudo bem se der errado, pois dá aprendizado para evoluir na solução”. Ao mesmo tempo, ele ressalta que é preciso parcimônia quando a empresa se libera deixar “sair da caixa”, para que não cometa erros que possam prejudicá-la. Assim, é preciso saber onde e como correr riscos.
Outro caminho para uma empresa conseguir inovar e se mostrar aberta à novas experiências é fornecer liberdade aos seus colaboradores ou áreas para que elas possam criar e ter criatividade em novas propostas. “Então, a empresa tem que estar aberta para o profissional ousar, à inovação. E aquela que não abre espaço, acaba perdendo terreno”, afirma o especialista.
Segundo Chebante, um exemplo clássico de como a liberdade de inovar é a Apple. No começo do ano 2000, a empresa começou a lançar a sua loja, mas muitos a criticaram por acreditarem que ela não conseguiria se sustentar. Assim, ela seguiu caminho diferente do mercado: enquanto as lojas eram multimarcas, os seus locais de venda somente teriam seus produtos. “Hoje, ninguém vai ter uma melhor experiência do que comprar um produto na loja da Apple, que tem vendedores que indicam o produto mais adequado para o cliente e não necessariamente aquele que vai dar maior lucro à empresa”, conta o executivo. E, atualmente, grande parte do faturamento da empresa vem justamente de suas lojas. “A moral é oferecer algo diferente que marque o consumidor, que o fascine mais.”
Assim, para o negócio não se arriscar demais e se prejudicar, ele pode realizar pequenas apostas que possuam relação com o DNA da marca, para que os clientes percebam as mudanças, mas também consigam identificar a empresa e o que ela fazia antes. “Os cuidados de quem quer fazer inovação é a dar um passo para trás e entender o que a marca comunica. Afinal, a marca não é só produto, ela é uma mensagem que se manda através do produto, do relacionamento com o cliente, de comunicação com o mercado. Existe um DNA, uma essência do que é o negócio”. É apostar exatamente em mudanças que façam parte dessa essência.