A Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) acredita que o novo salário mínimo de R$ 300,00, que entrou em vigor esse mês, não deverá elevar o consumo no País. Estima-se que existam cerca de 15 milhões de pensionistas e aposentados com remuneração vinculada ao salário mínimo e outros 10 milhões de trabalhadores nesta faixa de rendimento.
O aumento de 16% representa uma injeção mensal de no máximo R$ 1 bilhão por mês na economia. Se todo esse volume de recursos fosse canalizado para o consumo, o impacto seria de menos de 1,5% no consumo mensal total, que atinge atualmente R$ 70 bilhões. Na avaliação da Fecomercio, no entanto, parcela significativa destes recursos será usada para quitar dívidas, já que o maior nível de endividamento encontra-se entre as pessoas que recebem baixos salários.
Para Abram Szajman, presidente da Fecomercio, o salário mínimo deve, a médio prazo, ser desvinculado de outras obrigações do setor público, deixando de funcionar como um indexador de benefícios (de inativos, por exemplo), exceto para pagamento daqueles servidores que efetivamente recebem esse valor. O Brasil tem quase 15 milhões de pensionistas que recebem até um salário mínimo (diretamente beneficiados pelo aumento) e aposentados. Desta forma, prevê-se um aumento de despesas de R$ 600 milhões mensais na previdência. “Sem recursos para arcar com estas despesas, o governo não consegue dar o reajuste necessário para elevar o poder de compra do salário mínimo e torná-lo mais justo”, defende Szajman.
Ele destaca que esta vinculação entre trabalhadores ativos e inativos e as necessidades de financiamento da Previdência incidem negativamente sobre a capacidade de consumo dos trabalhadores. “O governo se vê impedido de aumentar de forma mais significativa o salário mínimo por conta do impacto fiscal, ao mesmo tempo, os trabalhadores ativos têm seus rendimentos reprimidos de forma indireta por conta desse mesmo efeito fiscal”.