Se a maioria imaginou que Internet seria para humanidade apenas um novo meio de se comunicar, posso afirmar que ocorreu um pequeno engano. Para poucos já está claro que na rápida tentativa de conceituá-la, essa foi subaproveitada em sua principal função: a interação entre seus usuários.
Tão logo o e-mail tornou-se a forma mais difundida de uso da Internet mundialmente – com mais de um bilhão de usuários no final do ano de 2005, segundo o instituto eMarketer – acreditava-se que seu principal papel estaria cumprido. Uma grande massa de pessoas trocando informações entre si, de forma individualizada, fazendo deste um meio de comunicação sem precedentes.
Passando a limpo: o conceito de comunicação é muito diferente do conceito de interação. No primeiro, sentimos que está embutido uma via de mão-única – alguém ou alguma empresa propaga informações a várias outras pessoas ou instituições, de uma forma padrão. O que é falado ou escrito por um é apenas assistido por outros passivamente.
O foco da grande maioria dos projetos de websites atuais de empresas é a comunicação de um para muitos. Meros expectadores, colaboradores ou usuários, muitas vezes, sequer têm suas dúvidas por e-mail respondidas a contento. São sufocados no site empresarial por inúmeras páginas com demasiado conteúdo institucional, especialmente projetadas para “esconder” qualquer menção a um número de telefone prático ou a identificação do nome do responsável pelo serviço de atendimento. É nesta visão vertical que os projetos empresariais encontram-se na atualidade.
Em breve, numa próxima fase de mudanças que criará a plenitude do uso da Internet pelas empresas, a interatividade será o grande trunfo no relacionamento entre colaboradores, fornecedores e clientes – esses últimos ávidos em expressar as idéias de forma participativa. Múltiplas pistas de mão-dupla. A comunicação de muitos para muitos.
Uma forma multidimensional de interação. A aglutinação de idéias vindas de diferentes fontes e formas para atingir o bem comum. Quem já fez uso identifica, nos atuais grupos ou fórum de discussão, recursos precursores desse novo conceito.
As limitações das ferramentas, que cada website usa até então, cederão espaço para o novo mundo da Web 2.0, a chamada “Internet Viva”, com a oferta de serviços dinâmicos ao invés de páginas com conteúdo estático.
Grandes corporações internacionais já possuem interação social, via blog corporativo – uma espécie de diário on-line das situações que ocorrem na empresa, discutidas publicamente com os internautas visitantes, de forma ativa, como uma conversa. O recurso se faz presente em cerca de 8% das empresas incluídas na lista “Fortune 500”, a qual contempla empresas como: HP, Fedex, Wal-Mart, General Motors, dentre outras. A perspectiva para pequenas e médias empresas adotarem o mesmo procedimento é estratégica: uma forma simples de estar um passo à frente da concorrência.
No mesmo caminho social estão os wikis (iniciais da frase em inglês “What I Know Is…”) – ferramentas de trabalho on-line para interação em grupo e desenvolvimento de comunidades em rede, criando o relacionando do próprio público-alvo da empresa: colaboradores, fornecedores e clientes, estimulando a inovação colaborativa, a participação e ação mútua entre seus membros. O caminho para aproveitamento da inteligência coletiva nas tarefas do dia-a-dia e na condução dos negócios.
Apostando um pouco mais no mundo empresarial, chegarão também os Mashups (do inglês “mash-up”, mesclar ou mixar) – ou seja, num único site ou aplicação haverá a combinação de conteúdo relacionado, vinda de mais de uma fonte de dados, como uma forma de integrar o conhecimento na geração de outros resultados, seja no melhor uso de um serviço ou num novo modo de agregar valor a um produto.
Façam suas empresas interagirem socialmente e estejam certo que a recompensa será imensa.
Eduardo Favaretto, criador do iBUSCAS e especialista em Tecnologia da Informação e Internet. ([email protected])