Enfartar ou fingir-se de cego?


Daniel Godri Junior

Já vi muitas empresas quebrarem por duas atitudes igualmente nocivas do empreendedor. A primeira atitude é aquela que não sabe delegar, tem que se meter em tudo, se irrita quando o cafezinho está do lado direito da sala e não do esquerdo e coisas desse tipo. Ele é do tipo que opina até em qual marca de fósforos se deve ou não comprar. São tantas preocupações com bobagens que, se ele não se cuidar, um dia chega o temido enfarte.

Do outro lado está o empreendedor passivo e despreocupado. Sim, é aquele que faz vista cega a muitas coisas. Prefere não despedir para não queimar sua imagem, vai relevando erros e erros do funcionário que sempre chega atrasado, que faz interurbanos com o telefone da empresa, que fica horas na Internet visitando sites inúteis, jamais chama os colaboradores para sentar e rever algumas coisas. Os funcionários começam a pensar que se nem o dono se preocupa, muito menos eles devem se preocupar.

A primeira atitude causa transtornos emocionais grandes e muitas vezes destrutivos na empresa. Os colaboradores se sentem sufocados e na primeira chance sairão da empresa. A segunda talvez seja pior, os colaboradores vêem e sentem o desleixo daquele que deveria ser o exemplo de como as coisas deveriam ser. Sentem-se inseguros naquela companhia e não apostam no futuro dela.

Um bom empreendedor na verdade é aquele que consegue um equilíbrio entre fazer vista cega e enfartar. Pense naquilo que é realmente importante para sua empresa e que, necessariamente, precisa passar pela sua mão. Delegue todo o resto, não esquecendo de cobrar resultados e de acompanhar de tempos em tempos o andamento das coisas.

Lembres-se um bom empreendedor é aquele que consegue fazer muito aparecendo pouco.

Daniel Godri Junior é consultor e palestrante nas áreas de marketing, motivação, liderança e vendas. ([email protected])

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