Planejamento estratégico bom de verdade é dinâmico e adaptativo, algo que precisa ser ritualizado e acompanhado, compreendendo contextos e elencando dados
Autora: Luciana Carvalho
Na vida pessoal, costumamos esperar o fim do ano para refletir sobre metas, recalcular rotas e organizar os pensamentos. Nas empresas, não dá para ser assim. Um planejamento estratégico constantemente revisado é fundamental para sua sobrevivência e competitividade.
Ao longo da minha carreira, entendi que não se trata apenas de uma mera formalidade: é um componente vital para o sucesso de uma organização. Um plano bem elaborado é apenas o começo. A verdadeira magia reside na capacidade de revisá-lo e ajustá-lo conforme necessário. E a metade do ano é o momento ideal para isso.
Empresas que revisam a estratégia com frequência têm mais chances de garantir desempenhos melhores. É uma consciência que precisa ser ampliada: de acordo com um estudo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito, 79% das empresas dizem enfrentar problemas de planejamento e gestão que prejudicam diretamente o crescimento. Já um levantamento da consultoria Falconi, com médias empresas, aponta que 47,6% das lideranças ouvidas não possuem ações de médio e longo prazo definidas, mas veem a necessidade de ter um planejamento estratégico – o que indica falta de maturidade na gestão.
Um planejamento estratégico eficiente é reflexo de um mapa estratégico geral da empresa, que por sua vez se desdobra em metas de áreas e individuais. Pensando no caminho reverso, a meta individual ajuda a meta da área, que apoia a meta da empresa. É um fluxo simples que ajuda a estabelecer um senso de unidade entre o trabalho de todos, mas que é mutável. Planejamento estratégico bom de verdade é dinâmico e adaptativo. É algo que precisa ser ritualizado e acompanhado, compreendendo contextos e elencando dados.
Quando chegamos em sua metade, é essencial olhar para trás e avaliar os progressos e desafios enfrentados até o momento. Isso não só nos permite entender onde houve desvios em relação ao plano original, mas também nos capacita a identificar oportunidades de melhoria, mudar planos e tomar medidas corretivas.
É uma prática que só tem eficácia, é claro, se líderes de todas as áreas da empresa forem envolvidas. Suas perspectivas fornecem insights valiosos sobre o que funcionou, o que não funcionou e o que pode ser feito para avançar. O que me lembra de outra coisa importante: ouvir atentamente a todos, analisar relatórios, discutir possibilidades e tomar decisões em conjunto.
Uma das principais lições que aprendi ao longo da minha jornada como CEO é que as metas não devem ser vistas como simples números a serem alcançados, mas sim como impulsionadoras do sucesso organizacional. Elas precisam nos desafiar e manter todos instigados. Mas também precisam ser alcançáveis e alinhadas com a visão de longo prazo da empresa. Caso contrário, corremos o risco de ter indicadores positivos nas áreas, mas sem impacto tangível nos resultados gerais.
Uma prática especialmente útil é o “plano de 100 dias” em momentos críticos, como lançamentos de novas iniciativas, mudanças estratégicas, crises e resultados muito abaixo do esperado. Esses planos proporcionam um foco intenso e permitem mudanças rápidas e direcionadas. Com uma equipe dedicada e um “roteiro” claro, podemos enfrentar desafios com agilidade e efetividade, mantendo-nos no caminho certo para o sucesso.
Revisar o planejamento no meio do ano também serve para motivar o time ao destacar o que já foi conquistado e manter todos alinhados em relação ao direcionamento e prioridades da organização. Ao abraçar esse processo e incorporá-lo à cultura de uma empresa, podemos garantir que estejamos sempre um passo à frente – e melhor preparados para as constantes adaptações que os negócios exigem.
Luciana Carvalho é cofundadora e CEO da Chiefs.Group.