Faturamento das MPEs em queda

O faturamento real das micro e pequenas empresas paulistas registrou queda de 4,6% em julho, em relação ao mesmo mês de 2013. Foi a quinta queda consecutiva do índice na comparação com o mesmo mês do ano anterior. No acumulado de janeiro a julho, as MPEs apresentaram estabilidade na receita real ante o mesmo período de 2013. No confronto com junho, o faturamento aumentou 1,3%. Os dados são da pesquisa de conjuntura Indicadores Sebrae-SP.
Em julho, a receita total das MPEs do Estado de São Paulo somou R$ 45,7 bilhões, R$ 2,2 bilhões a menos do que em julho de 2013 e R$ 586,3 milhões a mais do que em junho deste ano. O fraco desempenho da economia brasileira em 2014 e a piora na confiança dos empresários e dos clientes tiveram impacto negativo no faturamento das MPEs, principalmente as da indústria e as do comércio. Houve queda de 2,8% da receita real das MPEs da indústria em julho ante igual mês de 2013 e recuo de 14,1% nas do comércio, no mesmo período. Apenas o setor de serviços apresentou resultado positivo, com crescimento de 8,3% no faturamento de julho em relação a um ano antes. Este setor foi beneficiado pelo bom desempenho do segmento de transportes, que havia desacelerado em igual período do ano passado. 
“Em um cenário em que a economia do país não vai bem, as micro e pequenas empresas dificilmente conseguem se manter ilesas, daí o fraco desempenho do faturamento nos últimos meses”, afirma o diretor técnico do Sebrae-SP, Ivan Hussni. De acordo com a pesquisa, o Grande ABC registrou alta de 8,2% no faturamento em julho de 2014 ante julho de 2013. Foi o primeiro porcentual positivo após quatro meses seguidos de queda, quando comparado com o mesmo mês do ano anterior. “É preciso salientar que julho de 2013 não foi um mês tão bom para as MPEs do Grande ABC, por isso ainda é precipitado dizer que trata-se do início de uma recuperação da região”, explica o coordenador de pesquisas do Sebrae-SP, Marcelo Moreira. 
O interior do Estado teve queda de 8,3% no faturamento no confronto entre julho de 2014 e julho de 2013. O município de São Paulo viu o faturamento ficar estável em julho ante igual mês de 2013 (0% de variação) e na Região Metropolitana de São Paulo a receita caiu 0,8% no mesmo período. A pesquisa mostrou relativa estabilidade no total de pessoal ocupado (sócios-proprietários, familiares, empregados e terceirizados) nas MPEs paulistas: -0,1% de janeiro a julho deste ano, na comparação com o mesmo período de 2013. Neste mesmo período, o rendimento real dos empregados das MPEs, que inclui salários e outras remunerações, variou -0,1% nas MPEs do Estado de São Paulo e o gasto total das MPEs com a folha de salários apresentou alta de 1,3%. 
A pesquisa detectou também que, em agosto deste ano, a maioria dos donos de MPEs paulistas, isto é 59%, acredita em estabilidade no faturamento de sua empresa nos próximos seis meses. Em agosto de 2013, essa era a expectativa de 56% deles. Outros 27% aguardam melhora, porcentual igual ao de um ano antes, e 6% esperam piora. 
Com relação à evolução da economia brasileira, em agosto, 17% dos proprietários de MPEs falaram em melhora, o menor porcentual desde maio de 2005, quando começou a série histórica da pesquisa. Já 53% disseram em agosto esperar que a situação fique inalterada nos seis meses seguintes, quase o mesmo índice de agosto de 2013, que foi de 52%. A parcela dos que aguardam piora foi de 17% em agosto de 2013 para 22% em agosto deste ano. 
“O grande mercado das micro e pequenas empresas é o interno; como este vive um cenário de inflação relativamente elevada, piora nas condições de crédito, redução da confiança do consumidor, que limitam o avanço da economia brasileira, o desempenho dos negócios de pequeno porte acaba prejudicado”, diz Hussni.

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