Ainda que vivamos em um mundo moderno, com tecnologias que permitem uma vida mais fácil e prática, na qual muitas barreiras já foram derrubadas em prol da evolução, é inevitável não perguntar qual o tipo de futuro iremos ter. Isso porque, ao mesmo tempo, há uma maior geração de lixo, quantidade de poluição, desigualdade social, perda de recursos naturais, exploração humana e de bens essenciais para sobrevivência do homem. Ao mesmo tempo em que damos um passo à frente no desenvolvimento da medicina, por exemplo, voltamos dois na questão da educação. Não é por menos que é crescente a preocupação voltada às questões socioambientais. São países, pessoas e empresas modificando comportamentos, em prol de hábitos mais conscientes, que visem ajudar a sociedade em geral.
O que antes poderia, inclusive, ser considerado como uma tendência, hoje, ser uma “empresa do bem” já é uma necessidade. “Hoje em dia, não basta uma empresa viver de seu produto e serviço e ignorar o meio na qual ela está estabelecida. Mais do que nunca elas devem ter consciência do seu papel nas comunidades e seu impacto na sociedade”, afirma Alcely Strutz Barroso, diretora de cidadania corporativa da IBM Brasil. “Acreditamos que gerar benefícios para a comunidade por meio de sua atividade deve ser uma prioridade para qualquer organização”, acrescenta a superintendente executiva de desenvolvimento sustentável do Santander, Linda Murasawa.
É uma questão realmente de consciência, pois, como aponta Pedro Sirgado, diretor executivo do Instituto EDP, IEDP, da mesma forma que existem empresas e pessoas que não se preocupam tanto com a sustentabilidade e a qualidade de vida, apenas interessando-se com o lucro, há quem procure pela motivação e a sensação de fazer a diferença na sociedade. “Eu gostaria de acordar todas as manhãs e ir para meu trabalho com o propósito e a motivação de contribuir para um mundo melhor e, além disso, receber um salário justo. Acredito que a mesma lógica pode ser aplicada às empresas que, com objetivos maiores, ao mesmo tempo, geram o indispensável lucro que sustenta e assegura sua existência.”
Por mais que seja uma escolha, o que antes poderia ser utilizado apenas como uma ferramenta de marketing, atualmente, já há a ideia de que aqueles que não possuem tal posicionamento podem ser mal vistos pelos consumidores. “A tendência, em um mundo onde os recursos estão cada vez mais escassos e os efeitos das alterações climáticas são mais evidentes, será dos consumidores exigirem uma atuação ainda mais responsável das empresas. Além disso, a velocidade com que a informação circula e o maior conhecimento das pessoas tendem a reforçar sua exigência e intolerância às práticas menos corretas”, completa Sirgado.
DO BEM E COM ORGULHO
Por outro lado, aquele que deseja fazer parte das “Empresas B” não podem apenas atender uma exigência de seus clientes, deve ser uma intenção verdadeira, fazer o bem por inspirações próprias. Isso porque empresas que não forem genuínas correm o risco de serem descobertas e, caso sejam, prejudicarão sua reputação, bem como comprometerão a relação com os clientes, já que serão considerados como uma mentira. “A transparência é um tema muito importante para o consumidor, as empresas devem demonstrar que a ética é um assunto prioritário”, explica Alcely. “Iniciativas e ações que demonstrem os valores da empresa podem ajudar a conquistar consumidores. Vale salientar que é necessário ter uma atividade genuína e não somente uma campanha de marketing.” Junto com a real vontade de criar projetos socioambientais, a executiva ressalta a importância que há da empresa divulgar os resultados conquistados por meio de suas ações. É o orgulho de fazer o bem! “Uma empresa deve comunicar o que realmente ocorre na prática e que está evidenciada em suas políticas, caso contrário será um discurso vazio.”
A diretora de marketing da Avaya Brasil, Cida Vasconcelos, também alerta sobre o cuidado com as promessas feitas. É preciso cumprir os compromissos que forem propostos. “Por exemplo, se você promete entregar um produto que emite menos carbono, consome menos energia ou tem alguma ação em benefício da comunidade, é importante cumprir suas promessas. Tornar-se empresa do bem é essencial no relacionamento com clientes, mas manter este status é ainda mais essencial”, afirma.
Assim como faz a Embraco, que passou a ter a sustentabilidade como mote de todas as estratégias da empresa. “Colocamos a questão da sustentabilidade como um dos pilares estratégicos do negócio, buscando equilíbrio com os resultados financeiros e o retorno para a sociedade e meio ambiente”, detalha Emerson Zappone, diretor de operações no Brasil. Inerente em todas as questões, a sustentabilidade já se tornou até a linguagem do relacionamento da empresa com o cliente. “Ela não é um atributo (sustentabilidade), já se torna o ponto de partida dentro do qual se constrói o produto e a relação com o próprio cliente. Quando a Embraco coloca de forma central o assunto como sua estratégia, ela começa, em todas as frentes, a gerar soluções e se relacionar com os vários stakeholders de uma forma diferente. Então influencia e, ao mesmo tempo, gera oportunidades, serviços e produtos diferenciados e isso são vantagens para o cliente.”
Ao final, a melhor qualidade de vida acaba sendo proporcionada a todos, não apenas àqueles que foram beneficiados com os projetos sociais. “Ver uma família viver, muitas vezes com alegria e em contextos tão adversos, lidando com problemas tão complexos, pode ser um grande ensinamento para a vida pessoal e para as organizações”, finaliza Sirgado.
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