Projeções indicam que os fraudadores serão cada vez mais eficazes ao invadir os sistemas das empresas para roubar seus dados e usar as marcas para aplicar golpes
Autor: Eduardo Mônaco
As fraudes e os ataques on-line ainda são um grande desafio para as empresas. E no setor de e-commerce, essa tendência não poderia ser diferente. Apesar de um declínio tímido, no qual o segmento fechou 2022, com 5,6 milhões de tentativas de fraudes, sendo 0,3% menor em relação ao ano anterior, os ataques ainda continuam crescendo, evoluindo e trazendo consequências significativas para as empresas e os consumidores. Por isso, cada vez mais é fundamental que as companhias tenham estratégias bem definidas e explico o porquê.
Ocorrências de ciberataque não são de hoje e as manobras usadas pelos golpistas estão se modernizando e tornando-se cada vez mais sofisticadas. Pesquisas de mercado já mostram que o Brasil está no pódio quando se trata de inovação e criação de novos tipos de golpe. Os fraudadores brasileiros são responsáveis por desenvolver novos golpes, que geralmente chegam ao mercado internacional após cinco anos.
Além disso, estamos enxergando um crescimento em volume de ataques de phishing e de ransomware no último ano, e as projeções para 2023 mostram que os fraudadores seguem tentando invadir os sistemas das empresas para roubar seus dados, assim como usar suas marcas para aplicar golpes nos clientes finais. O Telegram, por exemplo, se mostra uma tendência em crescimento no compartilhamento de dados roubados, como cartões de crédito e logins de empresas, e o Instagram tende a ser a rede social mais usada em golpes e esquemas desse tipo.
Com a evolução cada vez mais rápida e a sofisticação das grandes quadrilhas de hackers e fraudadores, que investem fortemente em conhecimento e tecnologia para buscar brechas e cometerem crimes, o grande desafio das corporações é conseguir acompanhar esse ritmo e se colocar à frente desta jornada para tentar ao máximo minimizar os impactos não só para os seus negócios, mas, principalmente, para os seus clientes.
Olhando para este cenário e acompanhando a rapidez de como a tecnologia está se desenvolvendo, arrisco dizer que o grande primeiro passo para todas as empresas, independentemente do seu porte ou do setor é sair do estado de inércia e ser cada vez mais proativo. Hoje, não é mais possível não colocar segurança no centro das estratégias de negócios. Investir em prevenção é muito mais do que só minimizar os impactos de um possível ataque, mas é obter ganhos de eficiência operacional, diminuir prejuízo financeiros e processos judiciais e, principalmente, de reputação.
Quando olhamos exclusivamente para o mercado de e-commerce, os desafios são ainda maiores. Neste segmento estamos falando não só sobre evitarmos prejuízos financeiros diretos e de imagem, mas com produtos entregues e dinheiro não recebido, propagandas enganosas e sites falsos. Porém, já estamos enxergando uma movimentação das lojas online para uma conscientização da importância de buscar parceiros especialistas em prevenção e combate a fraudes, além de investimentos em ferramentas e soluções.
Vejo isso como uma grande evolução. Ao longo dos últimos anos, as empresas têm trabalhado ativamente e investido em tecnologia e inteligência humana qualificada para mitigar riscos, e de fato temos evoluções perceptíveis neste sentido. Porém, é uma corrida contínua, onde todo e qualquer descuido pode ser origem de um ataque. As empresas se protegem e os fraudadores buscam novos meios, é um ciclo vicioso que não acabará tão cedo.
Mas, com uma governança corporativa bem desenhada aliada a um olhar sempre atento às novas tecnologias e tendências que estão surgindo e, ao mercado externo, as chances de minimizar os ataques que se tornaram cada vez mais eficientes.
Eduardo Mônaco é diretor-presidente da ClearSale.