Autor: Erick Formaggio
Inteligência Coletiva Inconsciente: onde o usuário contribui com informações mesmo sem saber, pelo simples ato de navegar, ou seja, seu “rastro”. Nessa categoria, podem ser considerados cliques em links , figuras, preenchimento de formulários etc. Essas informações são registradas pelos servidores e softwares que irão reunir os dados e fornecer determinadas informações e padrões.
“[…] cada clique com o mouse ou o teclado é uma decisão, passível de ser registrada e aproveitada por determinado sistema que a organiza e permite que os outros se beneficiem do rastro deixado por quem veio antes. Desta forma, um usuário pode saber qual o livro mais vendido numa livraria. Ou, no caso de um blog, qual dos artigos publicados foi mais lido ou comentado, criando um critério de relevância, que acelera a decisão do visitante […] (Cavalcanti; Nepomuceno, 2007, p. 36)”.
Inteligência Coletiva Consciente: modalidade reservada a alguns grupos, onde é necessário o esforço dos membros para sua efetiva concretização. O desenvolvimento do Linux e de outros “softwares livres”, o empenho de usuários nas listas e fóruns de discussões em resolver determinado problema, podem ser bons exemplos de inteligência coletiva consciente, onde os participantes sabem que estão desenvolvendo algo em prol de uma causa.
“O exemplo mais significativo são as listas de discussão por temas específicos, que ajudam na organização, filtragem, avaliação e recuperação da informação para gerar conhecimento tanto para os que estão na comunidade quanto para os que virão. O desenvolvimento do Linux e de outros programas de software livre é a demonstração mais notória do poder desta modalidade, com listas focadas em um objetivo (no caso, o de elaborar um sistema) que há anos vem trocando informações para gerar conhecimento em forma de softwares. (Cavalcanti; Nepomuceno, 2007, p. 38)”.
Inteligência Coletiva Plena: é aquela que consegue unir em um mesmo ambiente as duas anteriores.
Inteligência Coletiva por meio de Redes Sociais: existem inúmeras redes sociais onde é possível aproveitar-se da inteligência coletiva. A comunicação livre, horizontal, permite que algumas empresas aproveitem-se destes meios para monitorar comportamentos dos consumidores, identificar tendências de mercado e até monitorar suas marcas, já que a participação dessas pessoas é relevante no processo de compra de outras pessoas. Pensem que os usuários de hoje são sofisticados e procuram por informações relacionadas aos produtos que os interessam em diversos meios, para obterem opiniões de outras pessoas e estarem seguros de sua compra.
É possível utilizar a inteligência coletiva por meio de sites de redes sociais na internet de modo muito eficiente. O LinkedIn é uma rede que proporciona a colaboração de muitos desses tipos de usuários, pois disponibiliza uma coleção de dados de profissionais que se conectam de diversas formas: seja como um simples colega de trabalho, seja em uma relação cliente/fornecedor ou mesmo através de eventos. Essa rede tão bem articulada liga vários profissionais de diversas áreas e mostra suas qualidades, além de alguns projetos em que trabalharam. É possível, inclusive, obter informações e indicações sobre determinado trabalho realizado pelo respectivo profissional, através do LinkedIn. Empresas podem navegar por essa ferramenta em busca de profissionais gabaritados e competentes em determinado setor ou área de atuação.
Fora dos sites de redes sociais: perceba que a inteligência coletiva não depende somente dos sites de redes sociais. Fora deles também é possível reconhecer a inteligência coletiva. Dois casos podem ser citados: Google e Goldcorp.
O Google utiliza-se da inteligência coletiva para o funcionamento de seu pagerank, um dos algoritmos responsáveis por atribuir um nível de popularidade a um site. Basicamente, o pagerank considera os links que apontam para um determinado site como votos. Dessa forma, um blogueiro, por exemplo, ao comentar uma determinada notícia publicada em um jornal e referenciá-la por meio de um link dá um voto para a página da notícia.
Na época da crise do ouro em 1999, a Goldcorp tinha como seu principal executivo, Rob McEwen. A empresa passava por problemas como: greves, dívidas e um custo alto de produção.
Inspirado por casos de colaboração como o do Linux, por exemplo, Rob McEwen teve a ideia de trazer para a Goldcorp o conceito de colaboração, para que a empresa pudesse encontrar ouro e usufruir do conhecimento de outras pessoas, agregando valor à empresa de forma inteligente. Para isso, o executivo promoveu o que ficou conhecido como “Desafio GoldCorp”, que premiaria em US$ 575 mil dólares os ganhadores. O desafio consistia em liberar por meio de seu site na Internet os dados geológicos da empresa, disponíveis desde sua fundação até os dias de hoje. Esses dados poderiam ser analisados por especialistas no mundo todo, que deveriam propor uma forma de se encontrar os minérios desejados pela companhia.
Os ganhadores do desafio partiram de uma junção de dois grupos da Austrália: Fractal Graphics e Taylor Wall & Associates, juntos desenvolveram uma poderosa descrição gráfica da mina em 3D sem nunca antes terem tido algum contato físico com as minas. Isso fez com que o custo de produção das minas diminuísse e a saúde financeira da empresa voltasse ao normal.
É possível crer que a colaboração, do ponto de vista da web, é o ato de permitir que o usuário de Internet participe das etapas e processos relacionados a algum tipo de atividade e a inteligência coletiva é o que ocorre quando isso acontece.
Erick Formaggio é gerente de SEO da Cadastra