Jovens consumidores sustentáveis



Autor: Gilberto Wiesel

 

Termos como “produtos ecologicamente corretos”, “sustentabilidade” e “meio ambiente” permeiam a mídia, a política, os encontros empresariais, o mundo. Contudo, a sustentabilidade ainda não é hábito no cotidiano da atual geração consumidora. Este é um período de transição na educação ambiental da população e, apesar das empresas já estarem agindo, precisam firmar a tomada de iniciativas que visam o futuro. Ainda são poucos os frutos de propostas e mesmo ações no presente, quando o consumidor ainda não está preparado e nem aprova completamente o produto ou a intenção, mas a questão é a futura geração de consumidores.

 

Conhecidos como Geração Z, são críticos, dinâmicos, tecnológicos e tendem a transformar as intenções ecologicamente corretas de agora em hábito, preferência e ações. Nascidos a partir de meados dos anos 90, esses ainda meninos e meninas lêem atenciosamente os rótulos, se preocupam efetivamente com o meio ambiente, são ensinados desde a escola da importância da natureza e, principalmente, já incluem no cotidiano os costumes de uma vida sustentável. E como preparar sua empresa para esses futuros clientes? As ações estratégicas com foco no futuro são suficientes para conquistar essa nova geração de compradores? E quando, além de projeções, também são necessários resultados imediatos?

 

A mudança necessária para atender às necessidades e vontades dos “consumidores sustentáveis” exige planejamento e paciência. Mas, acima de tudo, exige ação a partir do presente. É preciso um trabalho de educação ambiental dos consumidores atuais, porém, só a disseminação da importância da preservação do meio ambiente pode não ser suficiente para a real conscientização. Exemplos dentro das empresas, como as que vendem produtos sustentáveis, mas não fazem ao menos coleta seletiva dentro da própria linha de produção ou escritórios, mantêm as intenções nas ideias e longe dos costumes.

 

Alguns empreendimentos, por exemplo, lançaram versões mais ecológicas e baratas de produtos, como o sabão em pó Ariel Ecomax, que produz menos espuma e reduz o número de enxágues, ou o papel higiênico Neve Naturali, feito a partir de aparas selecionadas e compactado, economizando embalagem. Mesmo com esse cuidado com o meio ambiente, esses produtos ainda são menos vendidos que suas versões tradicionais. A maioria dos clientes prefere manter-se fiel aos produtos de sempre.

 

Outro ponto a se pensar é a dificuldade em encontrar esses produtos, visto que muitos deles são vendidos apenas em lojas especializadas. Os poucos encontrados nos supermercados são, em sua grande maioria, mais caros que os convencionais, ou seja, produtos ecologicamente corretos ainda não estão ao alcance de todos.

 

Para suprir as necessidades dessa nova geração, o empresário precisa arriscar na criação de diferentes conceitos. Mas lembre-se, atingir os consumidores e se preparar para as exigências dos futuros clientes não significa esquecer as características que fizeram com que esses consumidores se tornassem leais à sua marca. Inovação pode ser a grande diferença entre perdurar ou não no mercado, ainda mais com esses pequenos futuros consumidores, que aprovam e querem consumir o novo e o sustentável.

 

Algumas empresas já iniciaram campanhas focadas especialmente nestes novos clientes. Um exemplo de ações para o futuro é o “Danoninho para Plantar”. Cada bandeja do produto da Danone traz consigo um sache com sementes de flores e hortaliças que contém instruções para se plantar no próprio potinho, além de um código que permite a criança plantar uma “árvore virtual” na Floresta do Dino, no site da empresa. Cada “árvore virtual” plantada ajuda no reflorestamento da Mata Atlântica. Esse é um exemplo de como investir em consumidores do futuro, ao mesmo tempo em que se cria ações ecológicas no presente.

 

Assim como não se pode deixar de disseminar a importância da preservação do meio ambiente e agir em prol disso, é preciso se preparar para essa nova geração consumidora. Os futuros compradores querem, além de planejamento, mudanças reais nos produtos, princípios e atitudes das empresas. Preparar-se para essa nova fase é difundir informação e renovar os hábitos em benefício do planeta, e transformar a sustentabilidade tão exigida por esses novos clientes de discurso para ações concretas.

 

Gilberto Wiesel é escritor, conferencista e diretor do Grupo Wiesel.

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