M-payment está no estágio inicial no Brasil



Pagar uma pizza que foi entregue em casa ou uma corrida de táxi pelo celular. Isso já não é mais novidade. Porém, por que o uso do mobile payment ainda não decolou no Brasil, nem mesmo com a explosão do mercado de telefonia móvel. Para Paulo Nergi Boeira de Oliveira, diretor executivo da Caixa Econômica Federal, há duas grandes barreiras a serem superadas. Uma é a resistência inicial ao serviço, que normalmente ocorre com os usuários menos habituais de tecnologia. A outra, segundo o executivo, é identificar o modelo mais adequado, lançando mão das tecnologias disponíveis, sem perder o momento de definição que estamos passando agora. “É preciso tomar decisões estratégicas, adotar um modelo que tenha alta aceitação e ter a capacidade de evoluí-lo na velocidade das necessidades do mercado”, comentou Oliveira, durante a entrevista exclusiva ao portal ClienteSA.

 

ClienteSA – Em que estágio está o mobile payment no Brasil?

Paulo Oliveira: Ainda estamos em um estágio inicial, com a maioria dos bancos buscando um modelo que tenha maiores chances de sucesso. Não se pode somente adotar soluções como as já existentes na África, Europa ou EUA sem correr grandes riscos. Temos que levar em conta a regulamentação do mercado financeiro no Brasil, que é bastante rígida, além das características específicas da população, dos tipos de aparelhos celulares que estão no mercado e dos preços do tráfego de dados ou mensagens SMS consumidos para a realização das transações. Diversas soluções já foram e continuam sendo testadas, mas nenhum modelo pode ser considerado ainda como a solução que será massificada no país.

 

Quais são os grandes desafios?

Neste momento, consigo visualizar duas grandes barreiras a serem superadas: uma é a resistência inicial ao serviço, que normalmente ocorre com os usuários menos habituais de tecnologia. É um fenômeno semelhante ao que aconteceu com o início do Internet Banking no Brasil. A outra é identificar o modelo mais adequado, lançando mão das tecnologias disponíveis, sem perder o momento de definição que estamos passando agora. É preciso tomar decisões estratégicas, adotar um modelo que tenha alta aceitação e ter a capacidade de evoluí-lo na velocidade das necessidades do mercado.

 

Esses são os motivos da tecnologia ainda não ser tão usada no País?

Também temos a questão dos projetos mais avançados de pagamentos móveis no país serem resultados da associação de um banco, uma operadora e uma bandeira de cartão de crédito. Daí surge uma grande limitação: para utilizar determinada solução móvel, você tem que ser cliente daquele banco, ter uma linha daquela operadora e ser vinculado àquela uma bandeira. Isso é um começo. A tendência é que no futuro haja uma interoperabilidade entre os sistemas do mercado, assim como há um tempo você só conseguia mandar mensagens para telefones celulares da sua própria operadora, ou ainda, no caso das instituições financeiras, você só fazia transferências para contas do seu próprio banco.

 

E em relação ao comércio, qual o principal entrave para a adoção?

O comércio adotará naturalmente esta tecnologia quando houver demanda significativa, redução dos custos em relação à utilização de cartões e se não surgirem problemas que antes não existiam na realização de pagamentos. Se a solução for de utilização complexa e/ou lenta, é mais fácil e rápido utilizar o cartão de crédito ou receber em dinheiro. Todos esperam que os pagamentos móveis tragam vantagens sobre os meios tradicionais, principalmente em relação à segurança e tarifação.

 

Junto aos clientes, como fazer para disseminar o uso?

A utilização do mobile payment deve começar pelos clientes mais jovens, que costumam ter menos resistência e mais vontade de testar algo novo. Eles serão os principais disseminadores do produto para amigos, pais e parentes, tanto pessoalmente quanto por intermédio das redes sociais. Acredito que essa disseminação se dará de forma muito natural e gradativa como aconteceu com a internet.

 

O m-payments chegará a ser massificado?

Embora já adotados em diversos países, os pagamentos móveis ainda são uma tendência e não são utilizados por uma parcela significativa das populações (à exceção de alguns países da África, que utilizam soluções baseadas em mensagens SMS e que suprem a falta de capilaridade da rede bancária). Por este motivo, é difícil prever quando haverá a massificação no Brasil. O certo é que acontecerá de forma rápida assim que os entraves iniciais forem naturalmente derrubados. É apenas uma questão de tempo. Os aparelhos celulares possuem uma presença impressionante em todas as classes sociais e nos locais mais ermos do país, normalmente não alcançados pelos meios tradicionais de bancarização.

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