Maioria dos devedores não tem perspectiva de pagar contas

A Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) detectou o quanto a corrosão da renda das famílias brasileiras, que caiu 14% só no ano passado, segundo o IBGE, tem afetado o nível de inadimplência da população: 39,1% das pessoas da Região Metropolitana que têm ou moram com alguém endividado estão com algum pagamento em atraso. E o pior: 74% desses devedores não acreditam que irão conseguir liquidar suas dívidas no curto prazo.

As informações, coletadas em fevereiro, em 1050 entrevistas – são da primeira Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), que a Fecomercio passa a divulgar mensalmente. O levantamento aponta que 64,9% dos entrevistados disseram ter algum tipo de comprometimento da renda atualmente seja com cheque-especial, cartão de crédito, empréstimo pessoal ou prestações em geral.

O número é considerado alto pela assessoria econômica da Fecomercio, especialmente por se tratar de um período de recessão econômica. Isso porque, se fosse o contrário (um período de expansão da economia), o endividamento poderia até estar refletindo aumento da atividade e do consumo. Além disso, justamente por conta da redução do poder aquisitivo dos trabalhadores, há grande risco de crescimento desse nível de comprometimento da renda, na avaliação da Fecomercio.

Com base nos dados da pesquisa, os economistas calcularam que, na média total dos entrevistados, o volume de comprometimento da renda com dívidas é de 21%. Já entre os que têm contas em atraso, esse porcentual ultrapassa 31%. Mas a PEIC mostrou ainda que 15,3% dos entrevistados têm entre 51% e 70% dos ganhos mensais destinados a esses pagamentos. O resultado de fevereiro da PEIC é um primeiro retrato de como está o nível de endividamento da população da Grande São Paulo. A partir desse levantamento, a Fecomercio poderá, por exemplo, acompanhar a trajetória de como se comporta a inadimplência dos consumidores da região.

Apenas com base na pesquisa de fevereiro já é possível considerar que há uma certa tendência de manutenção desse endividamento: 43% dos entrevistados afirmaram ter o mesmo nível de dívidas que no mês anterior, 22% disseram ter mais e para 30,8%, o comprometimento da renda com pagamentos ficou menor em fevereiro do que em janeiro. Isso se explica também pela concentração de contas com vencimento no início do ano, como IPTU, IPVA, cartões de crédito com compras de Natal, entre outros gastos.

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