Autor: Luiz Fernando Garcia
O Brasil é considerado por muitos um país de empreendedores. Para cada 100 habitantes, 13 deles são donos de algum tipo de negócio, ainda assim, uma pesquisa realizada, neste ano, pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM) revela que no Brasil o índice que mensura o surgimento de novo negócios teve uma ligeira queda: em 2001 cerca de 14,20% dos brasileiros se aventuravam na oportunidade de ter seu negócio próprio, enquanto em 2007 esse número caiu para 12,72%. Apesar disso o Brasil ainda figura à frente de todos os países membros do G7.
Dos 42 países que participaram do estudo, o Brasil ficou na nona colocação, atrás de nações como a China, que tem uma das maiores taxas de crescimento na atualidade; Venezuela; Chile, que segundo especialistas atingirá o padrão de qualidade de vida de países do primeiro mundo em alguns anos; e Argentina. A pesquisa abrange ainda alguns fatores como a Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) que, no Brasil, é 39% maior do que a média global. Acredito que a estabilidade econômica pela qual o país passou nos últimos anos deu oportunidade às pessoas para tomarem a iniciativa de montarem seus próprios negócios e os que já possuíam seus estabelecimentos puderam crescer sem grandes riscos de quebra.
Mas o que será do ano de 2009? A crise econômica já afeta o mundo todo, mas especialistas afirmam que ela chegará de vez no Brasil apenas no ano que está por começar. Com a economia desfavorável, muitas empresas do TEA não suportarão este momento de tensão do mercado e acabarão fechando suas portas.
Os empreendimentos são abertos por necessidade ou por oportunidade e, em meio à turbulência das bolsas de valores do mundo, que são capazes de subir 8% em um dia e ter uma queda de 10% no outro, não deverão surgir muitas oportunidades para abertura de negócios. Por outro lado, com a taxa de desemprego crescendo e uma perspectiva de que um milhão de empregos deverá deixar de ser gerado no ano de 2009, a necessidade de abrir a própria empresa emergirá na mente de muitos profissionais que, provavelmente, não conseguirão se recolocar no mercado em uma posição tão boa quanto a que trabalhavam antes.
O maior problema está na hora de conduzir este novo empreendimento, pois apenas 5% da população mundial têm a chamada personalidade empreendedora, ou seja, nasceu para administrar uma empresa. Isso não quer dizer que apenas estes terão sucesso à frente de um estabelecimento, porque também existem pessoas com a chamada “conduta empreendedora”, aqueles que sabem conduzir seu negócio de modo eficiente, mas que nunca transformarão uma pequena confeitaria no Pão de Açúcar em uma cadeia de lojas ou um deserto em Nevada na cidade de Las Vegas.
Vale lembrar também que 75% das empresas que abrem no Brasil fecham antes de completarem 5 anos. Após realizar um estudo sobre o comportamento humano feito com mais de 850 empresários ao longo de oito anos, revelou que um dos fatores decisivos da quebra destas empresas está no inconsciente de seus donos, que muitas vezes acabam trabalhando para o seu auto-boicote.
As empresas abertas no próximo ano terão que se sustentar em meio a um péssimo cenário econômico mundial e este será o grande desafio dos brasileiros donos de negócio. Portanto, a resposta para a pergunta acima será respondida em 2009 quando veremos se os empreendedores do nosso país conseguirão manter suas empresas estáveis, para, ai sim, o Brasil ser considerado uma nação empreendedora.
Luiz Fernando Garcia é consultor certificado pelo ONU (Organização das Nações Unidas) para coordenar os seminários e capacitar os coordenadores, facilitadores e trainees do EMPRETEC/Sebrae.