O brasileiro tem mesmo complexo de vira-lata?

ClienteSA News debate o paradoxo de um país que ainda sofre do sentimento de inferioridade ainda que avance em diversas áreas

O Brasil está na vanguarda do uso de IA generativa, afirmou recentemente a AWS Brasil, além de ser reconhecido internacionalmente como um país que está à frente em muitas áreas tecnológicas, com avanços, notadamente no agronegócio e no setor financeiro. Ainda assim, paira no ar um sentimento de inferioridade em relação aos países mais adiantados, o chamado “complexo de vira-lata”, que faz muitos profissionais protelarem projetos nas empresas por se sentirem incapazes, conforme debateram, ontem (19), Roberta Alvarez, CHRO as a Service, e Alexandre Gyurkovits, diretor de digital, canais especiais e negócios globais da Ypê, na 27ª edição do programa ClienteSA News. Eles foram recebidos pelos cohosts Vilnor Grube, CEO da ClienteSA e VP da Aloic, Rodrigo Tavares, vice-presidente sênior de CX da RecargaPay, e Wellington Paes, fundador e CEO da Conexão Customer.

Trazendo o contexto em que surgiu a ideia de debater esse tema, Vilnor lembrou que foi dentro da Série Lives – Entrevista ClienteSA, há algumas semanas, justamente em uma conversa com o Alexandre, ao falar do lançamento de um produto digital inédito no mercado, desenvolvido por profissionais brasileiros da Ypê. “Quando construímos a Yara, nossa assistente usando IA generativa, percebemos uma repercussão do tipo ‘se vocês conseguiram fazer nós também vamos tentar’. Ou seja, só não fizeram antes por medo. Porque nós brasileiros somos extremamente criativos e podemos fazer muito mais do que fazemos. Disso surgiu o comentário do Vilnor, sugerindo que talvez fosse o tal do ‘complexo de vira-lata’ e se não seria a hora de uma mudança de mindset, adquirindo ambições mais agressivas, com comportamento mais ousado com responsabilidade.”

Rodrigo lembrou que essa expressão foi criada pelo jornalista e dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues, em 1950, quando a seleção brasileira de futebol, jogando a final no Maracanã, contra o Uruguai, tinha tudo para vencer, mas perdeu. Nelson considerava, em sua crônica, que faltou a coragem e a determinação de quem acredita que pode, vai lá e faz. Dando sequência, o executivo da RecargaPay convidou Roberta a opinar se percebe que isso ocorre em meio aos profissionais brasileiros.

Na concepção da executiva, o dramaturgo foi feliz ao chegar a essa conclusão na época e apontou motivos históricos para a formação desse complexo de inferioridade do povo brasileiro desde a época da colonização. “Vem desde lá, essa impressão do país do futuro, mas sempre no gerúndio, ou seja, eternamente em desenvolvimento, tentando acompanhar Estados Unidos e Europa. Então, está mais do que na hora de mudarmos essa chave, atentos ao fato de que, quando se fala de inteligência artificial, ela é construída por pessoas para facilitar a vida de pessoas.”
Complementando a fala da executiva, Alexandre disse que em função de fatores que estão na origem da nossa história, vivemos essa síndrome de vira-lata na pele. Mas, em seu entendimento, é algo que pode desaparecer aumentando em não mais do que 50% o ato de acreditar que é possível realizar. Uma das sugestões dada por ele é vibrar com cada um dos sucessos, impulsionando para os próximos.

Já com base em um comentário da audiência, Rodrigo aproveitou para dizer que o brasileiro tem não só potencial de desenvolver projetos com novas tecnologias como também de humanizá-los, graças à capacidade e facilidade de relacionamento, de se aproximar e se comunicar com os interlocutores. O debate seguiu, contando muita com a interação da audiência, analisando questões tais como momentos históricos que construíram essa cultura de se sentir inferior, o papel das lideranças em criar confiança na base, o êxito de cases brasileiros no Prêmio Latam, como trabalhar em cima do positivo, dos elogios, entre muitas outras. O vídeo, na íntegra, está disponível no Youtube, no ClienteSA Play, compondo um acervo em cultura cliente que já passa de três mil vídeos.

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