Em meio aos avanços recentes, a IA deixou de ser um tópico relegado às equipes de tecnologia para tornar-se foco, também, de líderes em geral
Autor: Fabricio Visibeli
Quem tem medo de Virginia Woolf? O título da peça de Edward Albee (e que não trata da escritora, e sim do medo de uma vida sem ilusões) se tornou uma daquelas frases feitas que utilizamos nos mais diversos contextos e aqui poderia ser usada como “qual CEO tem medo da tecnologia?”
Falando em tecnologia, a primeira resposta do Chat GPT sobre a formação de um CEO diz que “é comum que esses profissionais tenham formação acadêmica avançada, como um MBA em áreas como Administração de Empresas, Economia, Finanças ou Engenharia”, enquanto uma pesquisa da empresa de recrutamento Hays indica as seguintes origens para os CEOs: Administração e negócios, 38%, Engenharia, 27%, Finanças, 18% e Economia, 7%. Nada de formação em tecnologia, o que não é necessariamente um problema. O problema é não estar atualizado sobre as novas possibilidades abertas pela inovação tecnológica, e não entender os ganhos em eficiência e produtividades que são abertos com mais tecnologia embarcada em sua empresa e os riscos de perder competitividade por integrar o grupo daqueles “que têm medo da tecnologia”.
A abertura de um amplo debate público no ano passado – entre leigos, principalmente – sobre as possibilidades dadas pela ferramenta da IA generativa fez sombra sobre a ampla gama de tecnologias que já estão em uso há anos, em áreas como logística, automação de linhas industriais, marketing e pesquisas científicas. O debate ficou centrado na eliminação do emprego, na substituição da espécie humana por uma nova civilização de máquinas e outros rasgos de imaginação – mais próprios aos autores de ficção científica do que aos gestores de empresas relevantes.
Mas, as ferramentas de IA vieram para ficar, e mesmo nos restringindo apenas à IA generativa, a sua expansão foi tamanha que já dispomos de pesquisas avaliando as 100 melhores ferramentas ou as 50 mais usadas. Segundo o fundo de investimento Andreessen Horowitz, que financiou uma das pesquisas, o ChatGPT ainda domina o mercado de IA generativa. As 10 plataformas mais populares em meados de 2023 (período da análise), são: ChatGPT, character.ai, Google Bard, Poe, QuillBot, PhotoRoom, CivitAI, Midjourney, Hugging Face, Perplexity.
E os gestores ainda precisam considerar que dispomos de 5 tipos de Inteligência Artificial com diferentes aplicações atualmente em oferta no mercado:
- IA baseada em regras;
- IA baseada em aprendizado de máquina;
- IA baseada em redes neurais;
- IA baseada em algoritmos genéticos;
- IA baseada em processamento de linguagem natural.
Outro estudo, este da McKinsey, sobre o atual estado da inteligência artificial confirma o crescimento explosivo das ferramentas de IA generativa. Menos de um ano após o lançamento de muitas dessas ferramentas, um terço dos entrevistados afirma que suas organizações já estão utilizando a GenAI regularmente em pelo menos uma função de negócio.
A pesquisa também indica que, em meio aos avanços recentes, a inteligência artificial deixou de ser um tópico relegado às equipes de tecnologia para tornar-se foco, também, de líderes: quase um quarto das lideranças C-level entrevistadas pela McKinsey afirma que já utiliza pessoalmente ferramentas de IA generativa no trabalho, e mais de um quarto dos entrevistados gestores de empresas que utilizam inteligência artificial afirmam que a GenAI já está na agenda de seus Conselhos.
E nem os processos seletivos hoje mais utilizados, por questionários e testes objetivos, escapam dessa tecnologia disruptiva, a IA generativa já “passou” até em exames para acesso à Universidade de Stanford! Então, se você é um CEO e não veio da área de tecnologia, é bom incluir mais conversas com o pessoal de TI na sua agenda, este pode ser um tema tão importante para você e a sua empresa quanto a gestão financeira do seu negócio. Fique ligado!
Fabricio Visibeli é sócio-diretor de tecnologia e inovação da da CBYK.