Autora: Nadia Korosue
Estamos vivenciando nos últimos tempos um forte movimento das redes de franquia com relação à expansão de suas unidades: estão aumentando o seu raio de atuação explorando cada vez mais as cidades do interior do país.
Há algum tempo, o cenário era diferente. A maioria das redes de franquias somente aprovava abrir unidades em grandes capitais ou em municípios com mais de 300 mil habitantes. Havia muito espaço disponível, um grande público consumidor a ser explorado e a concorrência não era tão acirrada quanto é hoje.
Agora, já é possível encontrar com muito mais frequência redes que aceitam estabelecer unidades em regiões com menos de 100 mil habitantes ou até mesmo priorizam ou formatam seu modelo de negócio já visando estes municípios. Aproximadamente 30% dos negócios abertos no segmento de franquia no Brasil estão localizados fora das capitais.
Dois principais fatores têm impulsionado esta migração estratégica: o desenvolvimento da economia e o aumento de renda da população. A abertura de shoppings centers em municípios que somente possuíam centros comerciais com lojas de ruas ou o aumento do número destes são algum dos exemplos que fortalecem este contexto.
Outros motivos são os custos mais baixos com locação, publicidade, marketing e, principalmente, da mão de obra. Assim, ao contrário do que se parece, as empresas constituídas nestas regiões costumam prover faturamento similar ao das grandes metrópoles e, em alguns casos, com um potencial de lucratividade maior.
Com este movimento, as pequenas empresas locais estão tendo que buscar incessantemente oportunidades para continuar disputando o mercado com as grandes marcas de franquias para sobreviver ou continuar crescendo. Geralmente, a aceitação das pessoas para os novos entrantes tem sido satisfatória, pois a grande maioria já conhece e confia na marca, nos produtos e serviços. Assim, tanto a população como o município têm alavancado o seu desenvolvimento e crescimento.
Apesar de tantos atrativos, é importante tomar alguns cuidados antes de embarcar nessa onda. Conhecer bem a cidade, compreender sua capacidade de atração e daquelas que estiverem ao seu redor, analisar se o setor em que deseja atuar está em crescimento, se o conceito da franquia selecionada está associado com o perfil dos habitantes e se os produtos ou serviços são adequados ao tipo de demanda regional.
O comportamento do consumidor geralmente é muito diferente dos grandes centros sendo necessário ser bem avaliado para não impactar negativamente a expectativa com resultado estimado. Um bom exemplo está relacionado ao segmento de alimentação: as pessoas costumam fazer suas refeições em casa e muitas vezes somente saem para comer por lazer.
É imprescindível pesquisar também sobre a infraestrutura e suporte da empresa franqueadora, principalmente, seu planejamento logístico para abastecimento do estoque para manter a qualidade da rede.
Caso o empreendedor invista em uma marca que ainda não é reconhecida pela população local, o ponto de equilíbrio pode ser um pouco mais demorado e o esforço para tanto pode ser maior, requerendo muito mais determinação e disciplina por parte do franqueado.
A aceitação de uma nova marca nesta condição também pode levar um tempo maior. Para diminuir o risco de uma rejeição é importante que o franqueado atue de maneira mais estratégica e agressiva para expor e consolidar a marca no mercado. Ações de marketing voltadas à apresentação, experimentação ou degustação dos produtos são algumas das boas práticas.
O movimento oposto, ou seja, do interior para as capitais, também tem sido adotado pelas redes de franquias para firmar ainda mais a marca e para aumentar a diversificação dos produtos e serviços, provendo os diferenciais que suas regiões têm a oferecer. Em função da saturação das grandes capitais, é primordial se estruturar e fortalecer, primeiramente, na região de origem para em seguida se aventurar em novos mercados.
Enfim, antes de decidir o que, em qual marca e onde investir, não deixe de fazer uma pesquisa sobre quais tipos de negócios ainda não estão presentes no município ou estão desprovidos de maior quantidade ou melhores opções.
Nadia Korosue é sócia da GoAkira Consultoria.