Especialistas da Bruno Verona Advogados, Noussec, Blazon e Virtual Connection debatem os rumos da segurança da informação em prol de consumidores e marcas
Com a LGPD como um farol no sentido de guiar a criação de uma sólida cultura de segurança de dados, as empresas brasileiras vão vencendo as etapas na direção do amadurecimento da cibersegurança. Algo que vai muito além da indispensável aplicação de tecnologia, mas que passa, por exemplo, por um efetivo mapeamento de dados e muita capacitação e conscientização do fator humano. E isso não apenas visando o cumprimento ético e legal implícito em qualquer rigoroso regime de compliance, mas pela própria sobrevivência da marca, cuja reputação passa a depender cada vez mais da criação de barreiras efetivas contra o vazamento ou uso indevido das informações dos clientes. Estimando o tempo que ainda levará para que esse nível de maturidade alcance sua plenitude e de que forma os desafios podem ser vencidos, Bruno Verona, advogado e fundador da Bruno Verona Sociedade de Advogados, Edmo Lopes Filho, CEO da Noussec, Emilio Dias, fundador da Blazon, e Francis Campelo, gerente de gestão de segurança da informação e privacidade de dados da Virtual Connection, debateram o tema, hoje (24), durante a 670ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.
Dando início à troca de análises, Bruno lembrou da relevância adquirida pelo assunto a partir do crescimento das interações remotas impulsionadas pelo período da pandemia. Ele mesmo recordou que, entre as quase 700 lives da ClienteSA, várias já abordaram os aspectos da cibersegurança. Na sua avaliação, a necessidade da adoção da nuvem para abrigar um volume tão exponencial e crescente de dados, por exemplo, continuará a incentivar os ciberataques de criminosos em ação contínua também neste ano. E colocou em relevo a importância do debate ao estabelecer a troca de informações a respeito do paralelo entre as ações humanas e as respostas tecnológicas. “Um dos gargalos é, justamente, encontrar soluções cada vez mais eficazes no enfrentamento às ameaças que só tendem a se expandir. Se existe um déficit de segurança hoje, precisamos analisar quais são os pontos principais. Inadequações da legislação à realidade brasileira, uma melhor cultura de cibersegurança nas organizações, etc.”
Enquanto Edmo se propôs a abrir sua participação com alguns números para nortear o debate.De acordo com pesquisas, 65% dos consumidores vítimas de vazamentos de dados demonstram perder a confiança na empresa responsável pelos produtos ou serviços, 80% abandonam a marca nessa situação e 85% deles contam a outros, pessoalmente ou via meios de comunicação, sua experiência decepcionante, comprometendo a reputação das companhias. Na visão do executivo, ao verificar o que recomenda a LGPD, os principais geradores desses incidentes perniciosos aos consumidores são a falta de um bom sistema de segurança da informação ou uma governança mal estruturada. “Em nossa experiência, temos observado que mesmo as organizações que possuem a infraestrutura tecnológica de primeira linha para a proteção de dados, acabam não extraindo dali o que é necessário para a efetividade do serviço. Também, em desacordo com normas internacionais, deixa-se de lado sempre uma das três vertentes exigidas, que são segurança de informação, cibersegurança e governança de privacidade. Sem contar os riscos que poderão aumentar sensivelmente com o uso indiscriminado de inteligência artificial automatizando tudo no dia a dia das companhias.”
“Às vezes, a evolução acontece de forma mais rápida do que esperávamos”, expressou Emílio, por sua vez, para explicar os efeitos colaterais da velocidade imposta à transformação digital diante da pandemia. Para ele, da mesma forma que ocorre em todos os aspectos da vida pessoal ou empresarial, sempre há um tempo de amadurecimento que não se consegue encurtar. Ou seja, se dentro dessa transição geral já é desafiador entregar o prometido dentro do core business da empresa, quanto mais as novas requisições de uma realidade complexa. “A digitalização aumentou muito o que chamamos de superfície de problemas, em uma democratização tecnológica que traz muitos benefícios, mas num cenário para o qual nem consumidores ou empresas estavam preparados para lidar.” Para o fundador da Blazon, a LGPD funciona como uma grande fomentadora no sentido de que se olhe de forma mais adequada à segurança da informação. A seu ver, culturalmente é complicado, pois o brasileiro é mais reativo que proativo e, além disso, os custos em equipamentos e pessoas especializadas para a cibersegurança ainda são muito elevados. “A lei, portanto, estimula a que se pense e atue na direção de resolver tudo isso de forma mais atenta e mais rápida.” E deu algumas sugestões nesse sentido, inclusive propondo o surgimento de incentivos oficiais.
Trabalhando fortemente nesses conceitos de segurança de informação na Virtual Connection desde 2021, Francis afirmou, por sua vez, que no aspecto macro, o que se pôde detectar é que os principais desafios se concentram, em termos humanos, na conquista de maior capacitação e conscientização e, processualmente, no efetivo mapeamento de dados. Caso contrário, mesmo com a melhor tecnologia disponível, o compliance exigido na LGPD dificilmente será alcançado. “Se não soubermos o que temos de dados, como descobrir a efetiva forma de proteção?”, indagou o executivo, expondo em seguida um trabalho de defesa cibernética realizado junto com um cliente. Depois dele destacar aspectos que estão contribuindo para o amadurecimento na questão da cibersegurança, os debatedores puderam ainda mergulhar em temas tais como gestão de identidade e acessos, aprofundamento das normas, níveis de maturidade, cultura organizacional para implementação de maneira consolidada, entre muitos outros.
O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 669 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA retorna na segunda-feira (27), com a presença de Fernando Sartori, CEO da Uello, que abordará a transformação da logística com experiência personalizada; na terça, será a vez de Giuliana Cestaro, diretora de produtos e-commerce da Fiserv Brasil; na quarta, Uribe Teófilo, gerente de produtos da Youse; na quinta, Laura Sica, customer experience senior manager da Portobello; e, encerrando a semana, o Sextou debaterá o tema “CX: A voz do cliente para fortalecer a cultura customer centric”, reunindo Daniela Siani, coordenadora de CX & Qualidade da Claro, Bruno Cunha, superintendente executivo de atendimento e experiência do cliente do Banco PAN e Marcos Davidiuk, head of Digital Labs da ddCom Systems.