Alex Vieira, Bruno Porto e Leonardo Carvalho

O que o open health muda na experiência do cliente?

Executivos de Hcor, PwC e Nilo debatem as vantagens e os desafios do compartilhamento de dados no setor de saúde

Os impactos positivos do open health já se mostram claros. Vai desde a possibilidade de todo ecossistema de saúde ter acesso ao histórico do paciente até a personalização do atendimento, o ganho na medicina preventiva e a redução de custos no setor, já que evita desperdícios de exames repetidos, etc. Entretanto, esse compartilhamento de dados dos pacientes entre profissionais e instituições de saúde ainda está longe de se materializar.  O Brasil ainda está no estágio de entender como conectar todos os atores do sistema de saúde, como incluir o SUS e se o governo será o repositório e estruturador dos dados. Constatando que ainda há um longo caminho a percorrer, Alex Vieira, CIO do Hcor, Bruno Porto, sócio da PwC Brasil, e Leonardo Carvalho, CTO da Nilo, participaram, hoje (29), da 923ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.

Conceituando, na largada, o open health como dados abertos e compartilhados na área da saúde, Bruno explicou que o objetivo é conhecer bem o cliente, com vantagens tanto para quem recebe as informações como quem compartilha suas informações. Assim, o paciente é favorecido pela oferta de serviços e um tratamento mais customizado, com um acompanhamento hiperpersonalizado. “Ou seja, os dados bem capturados e bem tratados são o ‘petróleo’ do momento, mas, em saúde temos um problema.” Hoje, segundo o executivo, as informações estão fragmentadas em diversos aplicativos e arquivados das mais diversas formas. “Nossos dados estão completamente descentralizados em seis mil hospitais pelo Brasil, centros de medicina diagnóstica, operadoras de saúde, sendo que estamos falando só da saúde suplementar, responsável por 20% dos atendimentos, sem contar com o SUS que tem seus métodos próprios de gerenciar os dados”. Por isso, o estágio agora está em como conectar todos esses atores do sistema de saúde, entender onde entra governo nessa história, onde ficará a base de informações, etc.

Indagados se os pacientes ainda têm o médico de confiança e se isso não contribui para a centralidade das informações, Alex respondeu que é muito complexo quando se fala da experiência do cliente na saúde, pois as pessoas procuram o profissional comprovadamente eficaz e não o que tem um ambiente de encantamento. Ele acrescentou que os hospitais se transformaram em um mercado com empresas de capital aberto, e, no seu entender, quando se olha tudo que está envolvido nesse ecossistema, há uma complexidade enorme para entender todo o funcionamento. “Afinal, esse compartilhamento de dados é bom para o paciente ou para o negócio?” Ele mesmo responde que ainda é mais favorável às instituições e aos agentes de saúde, pois evita-se desperdícios de exames desnecessários, etc. Por isso, na sua concepção, o open health é ainda apenas um vislumbre, de difícil materialização.

Concordando com os comentários, Leonardo trouxe outro aspecto da experiência do paciente nessa jornada, que é a comunicação entre um profissional de saúde passando as informações dos bons cuidados que o paciente recebeu para outro profissional. Dessa forma, no seu entender, não se perdem dados importantes e há uma melhoria geral nos cuidados com o paciente. “A prevenção é uma das melhores formas de se chegar a um ecossistema mais saudável, sendo que o aprimoramento do cuidado com o paciente ao longo do tempo só é possível com essa interoperabilidade. Mas, até onde as pessoas têm poder de demandar isso das instituições? Os planos de saúde determinam onde será o atendimento em cada momento, e o paciente não tem nenhuma autonomia para decidir o que é feito com as informações nesses vários locais.”

Houve tempo para os convidados responderem perguntas da audiência, inclusive se é razoável ficar discutindo sobre a interoperabilidade da informações somente entre os players privados, deixando o SUS de fora, ao que Bruno respondeu com exemplos do que ocorre em outros países, onde a estruturação de dados já vem favorecendo a prevenção. Eles falaram também sobre adoção do open health na saúde suplementar com modelo para funcionar no ecossistema todo incluindo o SUS e discutiram se o modelo de saúde no país está preparado em infraestrutura para o compartilhamento de dados, entre outros assuntos.

O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 921  lives realizadas desde março de 2020, em um acervo que já passa de 2,8 mil vídeos sobre cultura cliente. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA retorna na segunda-feira (03), recebendo Filipe Manzi, diretor de customer journey da Afya, que falará  do diferencial apoiado em educação e tecnologia; na terça, será a vez de Ilson Bressan, CEO da Valid; na quarta, Duda Davidovic, superintendente de inovação da Elo; e, na quinta, Marcelo Hahn, CEO da Blau Farmacêutica.

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