Pagamento móvel: bancos X comunicação

Autor: Marco Santos
O lançamento do Google Wallet, sistema que transforma smartphones Android em “carteiras eletrônicas”, permitindo fazer pagamentos e conseguir descontos através da aproximação do celular a um ponto de venda, é a tentativa mais promissora para que o pagamento móvel conquiste de vez o mercado. Por outro lado, este modelo é uma ameaça aos bancos, que podem perder o contato direto com seus clientes e parceiros, transformando-se em simples fornecedores de transações finais de provedores de internet.
Até agora, nenhuma empresa líder de mercado tinha atingido a façanha recém-conquistada pelo Google: reunir parceiros dos principais setores para a implementação do pagamento móvel. Todas as tentativas para criar um tráfego de pagamento eletrônico via celular havia falhado devido à sua alta complexidade. No entanto, o Google Wallet, através de sua forte aliança com a indústria de serviços financeiros, que inclui Citibank e Mastercard, assim como pelas parcerias comerciais e políticas, conseguiu alicerçar os smartphones a uma cadeia completa de serviços móveis. 
A repercussão do aplicativo coloca um alerta aos bancos: é necessário examinar a eficácia de todas as estratégias em termos de mobilidade e definir as novas regras do jogo. Os conceitos e tecnologias utilizadas em pagamentos móveis são conhecidos há anos, não é algo que o Google tenha inventado. No entanto, é certo que os grandes bancos e empresas de telecomunicações têm falhado em liderar estes novos setores de mercado. O importante agora é que, frente a este novo cenário, os bancos obtenham um papel importante nos serviços de pagamento móvel. 
Caso os smartphones realmente se tornem os principais meios de transações comerciais e bancárias, existe um risco iminente de que os bancos percam o contato com seus clientes e assumam apenas o papel de gerenciador de transações finais. Como consequência desta abordagem, é importante que os bancos criem condições para obter um papel importante no fornecimento de serviços por pagamentos móveis.
A grande oportunidade que se apresenta aos bancos é combinar as operações de pagamento móvel com a informação contextual fornecida pelo dispositivo, tal como o lugar onde o usuário está realizando a transação. Isto serviria para reforçar a segurança das transações individuais, providência que representa um serviço valioso para o usuário e um serviço de valor agregado para o banco. 
Os bancos devem estar alinhados com o usuário final e fornecer seus serviços também através dos dispositivos móveis. A oportunidade para a inovação do setor financeiro reside no estabelecimento das entidades financeiras como provedoras de serviços de qualidade no que tange à proteção de dados, segurança e privacidade. Se os bancos deixam de assumir a liderança, é necessário ao menos estar preparado para adquirir um papel mais ativo. 
No entanto, ainda não é certo quem acabará por proporcionar um verdadeiro valor agregado a este novo mercado. Um dos motivos é a diversidade de possibilidades de aplicações que a tecnologia NFC (Near Field Communications) permite. Além do comércio eletrônico do Google, a tecnologia permite que as informações de diversas “carteiras” sejam criptografadas e armazenadas por lojas de produtos de mobilidade, museus, feiras e até mesmo cartões de visita de intercâmbio ou fotos com telefones celulares. Ainda há muito a ser inventado.
Marco Santos é  Country Managing Director da GFT Brasil 

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