No trabalho da conquista do torcedor como cliente, os times já possuem como vantagem o simples fato de que dificilmente o seu público o deixará pelo concorrente. Afinal, ser torcedor é ter uma paixão pelo clube e apoiá-lo em diversas circunstâncias. Justamente, por conta desse laço previamente estabelecido que há na relação, os clubes devem se preocupar em reconhecer a sua torcida, mostrando a ela o quanto é importante para o seu sucesso. Para o Palmeiras, esse trabalho, aliás, deve começar desde cedo, quando ainda é um pequeno torcedor. “Não consigo ver alguém, depois dos 10 anos de idade, trocando de time. Brasileiro troca de emprego, endereço, nome, mas não troca de time”, afirma Paulo Nobre, presidente do clube. “Preocupação não é a de perder e, sim, de não formar novas gerações de torcedores. O brasileiro aprende logo cedo a gostar de futebol e a escolher seu time do coração. Ainda que isso, muitas vezes, seja passado de pai para filho, existem fatores que auxiliam na conquista de novos clientes, como conquistas, ídolos e fortalecimento da sua marca.”
Por outro lado, procurar conquistar a torcida, independente da idade que tenha, não é apenas o único trabalho de um time, ou pelo menos não para o clube alviverde. Nobre acrescenta que é um desafio também procurar saber o que o público valoriza e oferecer exatamente o que deseja e, ainda, manter seu humor sempre em alta. “Enxergar o torcedor como cliente é algo que, de certa forma, é recente no futebol, os clubes tinham na TV e na venda de atletas suas principais fontes de receitas”, conta. “Hoje há uma percepção geral de que o fã deve ser tratado de maneira especial, porque ele pode ser parte importante na montagem de um time.” E por ser uma base importante para todos os clubes, é por essa razão que a potencialização do engajamento se torna tão essencial nos dias de hoje. “O torcedor sempre será leal ao seu time de coração. O que é preciso é conceder-lhes motivos para aumentar o consumo da sua marca, como conforto no estádio e a montagem de uma equipe que demonstre condições de conquistar título.”
Mais ainda, é visar manter uma ligação consistente, a fim de tornar o torcedor mais atuante no time, o 12º jogador em campo. “O trabalho desenvolvido no programa Avanti é um bom exemplo. Tantas são os benefícios que os torcedores têm ao se inscrever, que eles passam a ser mais do que clientes, eles viram sócios do clube. Denominamos assim porque eles passam a ter sua participação ativa nas receitas o Palmeiras”, diz o presidente. O resultado do trabalho bem sucedido é que, hoje, o clube é o segundo com a maior quantidade de sócio-torcedores do País, com 90 mil participantes, ficando atrás apenas do Internacional. Segundo o Movimento por um Futebol Melhor, apenas em 2014, o Palmeiras conquistou quase 26 mil associados e está perto do Top 10 Mundial, ficando na 11ª posição, à frente até mesmo do Manchester United. “Criamos oportunidades diversas de interação entre esse fã e seus ídolos, desde ir ao estádio no ônibus da delegação até perfilar com os atletas no gramado na hora do Hino Nacional”, finaliza Nobre.